Turquia: 20 universidades em greve depois de prisão de autarca

Estudantes de 20 universidades da Turquia iniciaram hoje uma greve por tempo indeterminado em protesto contra a prisão do presidente da câmara de Istambul, o social-democrata Ekrem Imamoglu.

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Lusa
24/03/2025 19:50 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Ekrem Imamoglu

Imamoglu devia concorrer contra o atual presidente, o islamita Recep Tayyip Erdogan, nas eleições previstas para 2028.

 

O presidente da câmara de Istambul foi detido na quarta-feira passada sob a acusação de corrupção e ligações terroristas, tendo ficado em prisão preventiva no dia anterior.

Na terça-feira, a Universidade de Istambul anulou o diploma universitário de Imamoglu, uma condição para a candidatura presidencial.

A anulação do diploma, obtido em 1994, por alegadas irregularidades administrativas na admissão, já tinha suscitado protestos entre os estudantes, que denunciaram uma manobra governamental para bloquear o caminho do popular presidente da câmara para a presidência.

Desde então, os estudantes têm sido uma parte importante das enormes manifestações que chegaram a reunir 100.000 pessoas em Istambul e dezenas de milhares em Ancara e Esmirna. O Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), principal força da oposição, disse que os protestos diários vão continuar até à libertação de Imamoglu.

No domingo, o CHP realizou eleições primárias em que Imamoglu, principal opositor de Erdogan, foi o único candidato.

Estudantes de 20 universidades, 13 das quais em Istambul, quatro em Ancara, duas em Esmirna e uma em Bursa, aderiram já à greve, em princípio por tempo indeterminado, noticiou o diário turco BirGün.

O sindicato Egitim-Sen dos professores das escolas públicas anunciou que os seus membros académicos vão fazer greve na terça-feira.

Milhares de estudantes de várias universidades públicas manifestaram-se no bairro de Besiktas, em Istambul, e depois marcharam ao longo do Bósforo para se juntarem à manifestação, convocada pelo CHP pelo sexto dia consecutivo, em frente à Câmara Municipal.

A tensão política na Turquia continua a aumentar depois de Erdogan, no poder há mais de uma década, ter avisado que não ia tolerar "ataques de grupos marginais e 'hooligans' urbanos".

O líder islamita acusou os manifestantes de atacarem polícias, destruírem mobiliário urbano e "transformarem o pátio das mesquitas em tabernas".

"Os líderes dos principais partidos da oposição demonstraram uma enorme irresponsabilidade", afirmou o Presidente turco.

O Ministério do Interior turco anunciou que 1.133 pessoas foram detidas nos últimos cinco dias durante os "atos ilegais" dos protestos.

Além disso, a polícia lançou várias rusgas e deteve 144 pessoas nas suas casas, ao início desta manhã, por alegadas infrações relacionadas com os protestos, avançou a agência de notícias turca Anadolu.

Entre os detidos encontram-se pelo menos dez jornalistas, acusados de participarem nas manifestações, quando estavam simplesmente a fazer a respetiva cobertura como repórteres de vários meios de comunicação social, como a Now TV, BirGün ou a agência de notícias France-Presse, indicou o diário turco Cumhuriyet.

As organizações de jornalistas turcos TGC, Basin Konseyi e DISK-Basin protestaram contra o que consideraram ser uma violação da liberdade de imprensa, exigindo a libertação imediata dos repórteres. 

Recep Tayyip Erdogan é presidente da Turquia desde 28 de agosto de 2014. Foi primeiro-ministro do país entre 14 de março de 2003 e 2014, e antes foi também presidente da câmara de Istambul (1994-1998).

Leia Também: Bruxelas adverte Ancara de que tem de "respeitar os valores democráticos"

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