"A Mylan comercializou de forma enganosa os seus tratamentos à base de opiáceos como sendo seguros, apesar de saber que seriam utilizados de forma abusiva e vendidos ilegalmente", afirmou a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, num comunicado.
A empresa chegou a um acordo que prevê um pagamento de até 335 milhões de dólares (aproximadamente 306 milhões de euros) ao longo de nove anos com os procuradores-gerais de quinze estados norte-americanos, liderados pelo estado de Nova Iorque.
A empresa é acusada de fabricar e vender vários tratamentos opiáceos a partir de 2005, incluindo adesivos genéricos de fentanil, oxicodona, hidrocodona e buprenorfina.
"A empresa alimentou a crise dos opiáceos através da comercialização direta junto dos médicos, o que conduziu a uma perigosa prescrição excessiva e ao desvio dos seus opiáceos para o mercado ilegal de drogas", refere o comunicado.
A ação foi intentada pela Califórnia, Illinois, Massachusetts, Carolina do Norte, Oregon, Tennessee, Utah e Virgínia, em coordenação com os procuradores-gerais do Colorado, Delaware, Geórgia, Idaho, Iowa e Vermont.
O laboratório fez em 2020 uma fusão com a Upjohn - uma filial da Pfizer especializada em medicamentos não patenteados - para se tornar a Viatris.
Até à data, o Ministério Público cobrou mais de 3 mil milhões de dólares a empresas ligadas a esta crise, nomeadamente laboratórios farmacêuticos - como a Purdue Pharma, que se considera ter desencadeado a crise - mas também distribuidores de medicamentos, como a CVS, Walgreens, Walmart, uma filial do gigante publicitário francês Publicis e a empresa de consultoria McKinsey.
Em 24 de janeiro o laboratório norte-americano Purdue Pharma chegou a um acordo com quinze Estados norte-americanos, segundo o qual terão de pagar um total de 7,4 mil milhões de dólares pelo seu papel na crise dos opiáceos.
A mesma procuradora de Nova Iorque informou num comunicado que o acordo previa que a família Sackler, proprietária da farmacêutica, pagasse até 6,5 mil milhões de dólares ao longo de quinze anos e o laboratório farmacêutico 900 milhões.
De acordo com dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla inglesa), cerca de 727.000 pessoas morreram no país entre 1999 e 2022 devido a uma overdose ligada à ingestão de opiáceos, obtidos com receita médica ou ilegalmente.
Pela primeira vez desde 2018, o número de mortes ligadas a opiáceos (principalmente fentanil) diminuiu ligeiramente em 2023.
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