O chefe da polícia, Daniel Levy, foi interrompido pelo ministro Ben Gvir quando falava aos jornalistas sobre a decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que suspendeu o despedimento de Ronen Bar.
Levy afirmou que respeitará a decisão do tribunal sobre o chefe do Shin Bet, cuja demissão, decidida pelo Governo, é defendida pelo ministro da Segurança.
"Como é que se pode pensar que o comissário da polícia não vai cumprir a lei e não vai seguir as decisões do tribunal", respondeu Levy, referindo que a polícia "lutará pela democracia até à última gota de sangue".
Questionado sobre o que faria se Ben Gvir discordasse e o pressionasse, Levy começou a responder, mas foi interrompido pelo ministro a meio da frase, de acordo com o jornal The Times of Israel.
"Estão a provocá-lo", disse o ministro em frente às câmaras de televisão, levantando a voz e colocando-se entre os jornalistas e o chefe da polícia, descreveu o jornal, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
O próprio Gvir afirmou no passado que Bar devia "estar na prisão", depois de terem surgido notícias sobre uma alegada investigação do Shin Bet à possível infiltração de figuras de extrema-direita na força policial, por ordem do ministro.
O Governo nomeou na semana passada o antigo comandante da marinha israelita, o vice-almirante Eli Sharvit, como sucessor de Bar na chefia do Shin Bet.
A 21 de março, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, demitiu Bar, alegando que tinha perdido a confiança no chefe do Shin Bet. na sequência dos ataques de 07 de outubro de 2023 pelo grupo radical palestiniano Hamas.
Os críticos afirmaram que a decisão constitui um conflito de interesses, porque o Shin Bet está a investigar as ligações suspeitas de corrupção que envolvem o gabinete de Netanyahu e o Qatar.
Cinco recursos foram apresentados ao Supremo Tribunal de Justiça nas horas que se seguiram ao anúncio da demissão.
O tribunal ordenou a suspensão da decisão de demissão no mesmo dia e deu às partes um prazo até 20 de abril para chegarem a um acordo sobre a demissão antes de proferir a sentença.
Cabe agora ao Supremo Tribunal decidir sobre a legalidade da demissão.
O líder da oposição e do partido Democrata, Yair Golan, aplaudiu a posição do chefe da polícia, mas advertiu que são necessárias ações e "não apenas palavras".
"Cumprir os veredictos do Supremo Tribunal é uma questão básica, mas o Estado de direito não acaba aí", afirmou.
Segundo Golan "é preciso evitar a obstrução de qualquer investigação, proteger quem investiga e manter a independência, especialmente em casos que envolvem o primeiro-ministro em matérias como o Qatar".
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