O procurador do distrito administrativo de Kisutu, Nassoro Katuga, leu as acusações contra Lissu depois dele ter sido detido no âmbito de uma série de protestos em que participou, a nível nacional, sob o lema "Sem reformas, sem eleições", que tinha como objetivo exigir alterações legais antes da realização das próximas eleições presidenciais de outubro.
"Lissu foi acusado de traição, sem a possibilidade de sair em liberdade através do pagamento de uma fiança, e de partilhar informações falsas", declarou à agência noticiosa France-Presse (AFP) Jebra Kambole, um dos seus advogados.
As três acusações de partilhar informações falsas são relativas a um vídeo publicado no YouTube no início de abril, no qual acusa a polícia de alegadas irregularidades no processo eleitoral que antecede às eleições presidenciais, segundo o diário tanzaniano The Citizen, citado pela Europa Press.
A acusação de traição é punida com a pena de morte na Tanzânia e não dá direito a fiança.
O partido de Lissu - Chadema - acusa o Governo da Presidente Samia Suluhu Hassan de estar a voltar às práticas autoritárias do seu antecessor John Magufuli (2015-2021).
O Chadema escreveu, quarta-feira, na rede social X que Tundu Lissu tinha sido "detido juntamente com outros membros" do movimento após uma reunião na cidade de Mbinga, na região meridional de Ruvuma, onde a polícia dispersou os cidadãos que assistiam à reunião utilizando gás lacrimogéneo.
O comandante regional da polícia, Marco Chilya, tinha dito anteriormente à imprensa que o líder da oposição estava a ser processado por alegadamente "incitar as pessoas a bloquear as próximas eleições" presidenciais.
Opositor emblemático do partido no poder, Tundu Lissu foi eleito presidente do seu partido em janeiro, substituindo Freeman Mbowe, que liderou o movimento durante muitos anos.
Esta não é a primeira vez que Tundu Lissu - advogado de formação e deputado entre 2010 e 2017 - é detido pelas autoridades tanzanianas. Em novembro de 2024, por exemplo, foi detido durante uma campanha eleitoral local.
Lissu regressou à Tanzânia, país vizinho de Moçambique, em julho de 2020, após mais de dois anos na Bélgica, depois de ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato em 2017.
Após o seu regresso, apresentou-se como candidato às eleições de outubro desse ano, que foram ganhas por John Magufuli, que morreu subitamente em março de 2021 e foi sucedido pela sua vice-presidente, Samia Suluhu Hassan.
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