A retirada da candidatura de Kathleen Sgamma para o Gabinete de Gestão Territorial do Departamento do Interior foi anunciada hoje no início da audiência, perante o Comité de Energia e Recursos Naturais do Senado, para sua confirmação.
O ex-secretário do Interior de Trump, David Bernhardt, disse que abandono foi "auto-infligido" e incluiu um link para um site que publicou os comentários de Sgamma em 2021.
Bernhardt sugeriu mesmo que as pessoas cujas opiniões não se alinham com as de Trump não devem procurar nomeações políticas.
Em comentários reproduzidos pela Documented, projeto de jornalismo de investigação, Sgamma afirmou-se "revoltada com a violência testemunhada" a 06 de janeiro na sede do poder legislativo em Washington, D.C. e com o papel de Trump "na disseminação da desinformação que a incitou".
Por ter sido diretamente implicado no ataque de 06 de janeiro de 2021 ao Capitólio, quando recusava assumir a vitória do candidato democrata Joe Biden nas presidenciais que era na altura confirmada no Congresso, Donald Trump enfrentou um processo de destituição ("impeachment") pela Câmara dos Representantes -- o segundo, pois já tinha sido alvo de outro durante o primeiro mandato.
No "impeachment", a 13 de janeiro de 2021, a Câmara dos Representantes aprovou um único artigo contra Trump por "incitamento à insurreição", citando especificamente as suas ações e declarações antes e durante o ataque, alegando que incitou apoiantes a invadir o Capitólio numa tentativa de travar a certificação dos resultados das eleições presidenciais de 2020.
A votação foi de 232-197, com 10 republicanos a juntarem-se aos democratas na votação pelo "impeachment".
O artigo destacou também as suas repetidas alegações falsas de fraude eleitoral generalizada.
O caso subiu depois ao Senado, já depois de Trump ter deixado o cargo, onde 57 senadores votaram pela condenação e 43 pela absolvição, quando é necessária uma maioria de dois terços (67 votos) para a condenação, pelo que foi absolvido.
No assalto de 06 de janeiro morreram cinco pessoas, mais de 174 polícias do Capitólio e do Departamento de Polícia Metropolitana ficaram feridos, registando-se ainda após o ataque a morte de pelo menos quatro polícias, por suicídio.
A investigação ao ataque de 06 de janeiro é a maior da história do país, e até janeiro de 2025 mais de 1.580 indivíduos foram detidos.
Uma das primeiras decisões de Trump ao chegar à Casa Branca foi perdoar a maior parte dos envolvidos.
Aaron Weiss, do Centro de Prioridades Ocidentais, afirmou à AP que a retirada de Sgamma sublinhou a criação de um "teste de lealdade" pelo governo Trump para afastar subordinados que não estejam totalmente alinhados com o presidente.
Sgamma, representante de longa data da indústria do petróleo e do gás, parecia até hoje estar bem encaminhada para ser nomeada, segundo a agência AP, e levar a cabo os planos de Trump de reduzir as restrições à extração de combustíveis fósseis, incluindo nos estados do oeste onde o departamento gere vastas propriedades.
A agência também supervisiona a mineração, o pastoreio e a recreação.
O gabinete em causa tinha cerca de 10.000 funcionários no início do segundo mandato de Trump.
Durante o primeiro mandato de Trump, passou quatro anos sem um diretor confirmado.
Trump também mudou a sede da agência para o Colorado antes de esta regressar a Washington, D.C., sob o comando do ex-presidente Joe Biden.
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