Ações de Israel ameaçam futuro dos palestinianos em Gaza

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos afirmou hoje que as ações de Israel na Faixa de Gaza ameaçam "a capacidade dos palestinianos de viverem no futuro" naquele enclave, cenário de uma guerra desde outubro de 2023.

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© Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images

Lusa
11/04/2025 13:31 ‧ há 4 dias por Lusa

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Médio Oriente

"A morte, a destruição, a deslocação, a negação de acesso às necessidades básicas em Gaza e a repetida sugestão de que os residentes de Gaza devem abandonar o território levantam preocupações reais sobre a capacidade dos palestinianos de viverem no futuro como um grupo em Gaza", disse a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, numa conferência de imprensa em Genebra, Suíça.

 

"A nossa declaração de hoje eleva, portanto, as nossas preocupações a um novo nível devido ao efeito acumulativo do que está a acontecer em Gaza", afirmou a porta-voz.

Já num comunicado, o Alto Comissariado denunciou particularmente o impacto nos civis dos ataques israelitas das últimas semanas na Faixa de Gaza, após a quebra do cessar-fogo com o grupo extremista Hamas, referindo que "uma grande percentagem das vítimas são crianças e mulheres".

"Entre 18 de março e 09 de abril de 2025, ocorreram aproximadamente 224 ataques israelitas contra edifícios residenciais e tendas para pessoas deslocadas", disse o mesmo organismo da ONU, no comunicado, acrescentando que, dos "36 ataques documentados e corroborados", as vítimas "eram apenas mulheres e crianças até agora".

De acordo com a agência da ONU, apesar das ordens israelitas para que os civis se deslocassem para a zona de Al-Mawasi, "os ataques continuaram às tendas dos deslocados nesta região --- com pelo menos 23 incidentes deste tipo registados pelo Alto Comissariado desde 18 de março".

Nas declarações em Genebra, Ravina Shamdasani criticou ainda o aumento das ordens de retirada emitidas pelo exército israelita "que são, na verdade, ordens de movimentação".

Israel, como potência ocupante, pode legalmente ordenar a retirada temporária de civis de certas áreas, mas, frisou a porta-voz, "a natureza e o âmbito das ordens de evacuação levantam sérias questões sobre a intenção de Israel de excluir permanentemente a população civil dessas áreas para criar uma 'zona tampão'".

O Alto Comissariado lembrou que "deslocar permanentemente a população civil num território ocupado equivale a uma transferência forçada", o que "é um crime contra a humanidade, de acordo com o Estatuto de Roma".

Além disso, o organismo da ONU lembrou que há "ataques e assassínios de jornalistas palestinianos", sublinhando que dirigir ataques intencionalmente contra civis que não participam diretamente nas hostilidades constitui um crime de guerra.

O bloqueio imposto a Gaza durante seis semanas e as declarações das autoridades israelitas a condicionar a entrada de ajuda humanitária à libertação de reféns mantidos pelo Hamas podem ser vistos como um castigo coletivo e um desejo de matar a população à fome, ambos "crimes perante o direito internacional", referiu ainda a agência.

As autoridades de Gaza elevaram para mais de 50.700 o número de palestinianos mortos na guerra que Israel trava no enclave palestiniano contra o Hamas, iniciada horas depois do ataque de dimensões sem precedentes cometido pelo grupo em território israelita a 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 sequestrados.

Cerca de 1.400 mortes ocorreram desde 18 de março, quando o Exército israelita quebrou o cessar-fogo alcançado em janeiro com o Hamas e retomou os bombardeamentos e a ofensiva terrestre.

Leia Também: Israel anuncia morte de comandante do Batalhão Shujaia do Hamas

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