Turquia: 92 pessoas continuam detidas após protestos

Um total de 92 pessoas, na maioria jovens e estudantes universitários, continuam detidas após as autoridades turcas terem libertado hoje, com termo de identidade e residência, outros 59 presos, após os protestos contra a prisão do líder da oposição.

Notícia

© REUTERS/Bernadett Szabo

Lusa
11/04/2025 15:07 ‧ há 1 semanas por Lusa

Mundo

Turquia

Na sequência das manifestações que se seguiram à prisão, a 19 de março, do presidente da câmara de Istambul e líder da oposição, Ekrem Imamoglu, por acusações de corrupção, que nega, centenas de pessoas foram detidas pelo regime liderado pelo chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan.

 

Hoje, um tribunal de Istambul considerou que a detenção e colocação em prisão preventiva destas pessoas não foram proporcionais, uma vez que os arguidos têm residência fixa, não apresentam risco de fuga e o alegado crime de que são acusados -- "violação da lei das manifestações" -- não é considerado grave.

Nos últimos dias, outras 127 pessoas detidas com base na mesma acusação foram libertadas com medidas de coação.

Segundo a estação de televisão NTV, 92 pessoas continuam em prisão preventiva.

Após a detenção de Imamoglu, o Ministério do Interior da Turquia impôs uma proibição total de manifestações e marchas de protesto em Istambul, Ancara e Esmirna durante várias semanas. 

Ainda assim, cerca de 100 mil pessoas concentraram-se, durante várias noites, em frente à câmara municipal de Istambul.

Imamoglu, 53 anos, permanece em prisão preventiva, acusado de vários crimes de corrupção e suborno, embora o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata, a que pertence), afirme que se trata de acusações fabricadas por Erdogan com o objetivo de afastar o presidente da câmara de Istambul da cena política. 

O autarca é o candidato escolhido pelo partido para enfrentar o conservador islâmico Erdogan nas próximas eleições presidenciais, previstas para 2028, mas que a oposição exige que se antecipem e se realizem até novembro deste ano.

A 27 de março, as autoridades turcas anunciaram que haviam detido 1.879 pessoas em várias cidades do país. Nenhum número adicional foi divulgado desde então.

De acordo com o principal partido de oposição da Turquia e vários advogados, mais de 300 estudantes foram colocados sob custódia após a sua prisão.

As manifestações, que foram interrompidas pelo fim do Ramadão e pelo encerramento das universidades, foram retomadas esta semana em Istambul e em Ancara, mas registaram uma adesão inferior.

O CHP convocou grandes manifestações para todos os fins de semana em diferentes cidades do país. Em particular, está a planear uma manifestação no domingo em Samsun (norte), um importante porto no Mar Negro.

As libertações registadas esta semana surgem na sequência de uma campanha organizada pelos pais de muitos estudantes, tendo muitos deles efetuado vigílias diárias no exterior de uma prisão em Silivri, a oeste de Istambul.

Entre os libertados encontra-se o proeminente manifestante Berkay Gezgin, um estudante de 22 anos que conheceu Imamoglu na campanha eleitoral de 2019 e criou a palavra de ordem "Tudo vai ficar bem", que o presidente da câmara de Istambul utilizou mais tarde na sua campanha.

Os processos dos arguidos serão julgados em junho e setembro no Tribunal de Caglayan, em Istambul.

Também hoje Imamoglu compareceu pela primeira vez perante um juiz, num tribunal em Istambul, no âmbito do processo em que é acusado de alegadamente ter ameaçado um procurador.

As acusações, sempre negadas pelo autarca, baseiam-se em declarações feitas por Imamoglu sobre o procurador-chefe da República na comarca de Istambul, Akin Gürlek, durante um painel público realizado a 20 de janeiro, na sequência da detenção de um autarca de um bairro da cidade, por suspeitas de corrupção.

Na audiência de hoje, o tribunal ouviu a defesa de Imamoglu e marcou a próxima sessão para 16 de junho, segundo informou o canal de notícias Halk TV.

O Ministério Público turco requer uma pena de sete anos e quatro meses de prisão para Imamoglu, bem como a sua inabilitação para o exercício de cargos públicos e a perda dos direitos de voto e de elegibilidade.

O social-democrata deveria prestar declarações ainda hoje noutro processo, por alegada fraude durante a sua gestão como presidente da câmara de Istambul.

Leia Também: Erdogan exige que o grupo armado PKK ouça o seu líder e entregue armas

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas