ACNUR e PAM admitem redução drástica de operações devido a cortes

O Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) anunciaram hoje reduções drásticas nas atividades, em até um terço, devido aos cortes na ajuda internacional, particularmente dos Estados Unidos.

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Lusa
28/04/2025 20:16 ‧ há 3 horas por Lusa

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Ajuda Internacional

"Se esta tendência [de cortes] se mantiver, não conseguiremos fazer mais com menos. Mas, como já disse muitas vezes, faremos menos com menos. Já estamos a fazer menos com menos", lamentou o líder do ACNUR, Filippo Grandi, no Conselho de Segurança da ONU.

 

"Haverá menos escritórios, menos programas, menos operações", frisou o Alto Comissário, afirmando temer que a agência tenha de reduzir a capacidade em "até 30%".

A contribuição dos Estados Unidos nos últimos anos representou cerca de 40% do orçamento, totalizando cerca de dois mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) por ano, observou.

Para 2025, adiantou, o ACNUR já recebeu cerca de 350 milhões de dólares (307 milhões de euros) de Washington e está a tentar convencer o Governo norte-americano a libertar mais 700 milhões de dólares (614 milhões de euros), que foram congelados.

O ACNUR emprega mais de 18.000 pessoas em 136 países, cerca de 90% delas no terreno, de acordo com o site da organização.

Paralelamente, o vice-diretor executivo do Programa Alimentar Mundial (PAM), Stephen Omollo, afirmou, numa mensagem ao pessoal da agência, citada pela agência de notícias France-Presse, que "a previsão de contribuição para 2025 é atualmente de 6,4 mil milhões de dólares (5,6 mil milhões de euros), uma redução de 40% em relação ao ano passado".

"Infelizmente, acreditamos que esta situação não está a melhorar", escreveu Omollo. "Estou a escrever para vos atualizar sobre as medidas adicionais que precisamos de tomar para adaptar a nossa força de trabalho a esta nova realidade financeira", acrescentou.

O PAM deve reduzir a equipa, a nível global, em 25% a 30%, "o que pode afetar até seis mil posições enquanto nos preparamos para 2026", continuou o responsável, ao apresentar conclusões da equipa de liderança.

A agência, o principal braço da ONU na luta contra a fome, emprega mais de 23 mil pessoas em 120 países.

"Esta transformação estrutural --- necessária para preservar os nossos recursos para apoiar as operações vitais que conduzimos --- afetará todas as regiões, divisões e níveis da organização", adiantou.

A administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, cortou 83% dos programas da agência de desenvolvimento norte-americana, a USAID, que até aqui geria um orçamento anual de 42,8 mil milhões de dólares (37,5 mil milhões de euros), ou 42% da ajuda humanitária desembolsada em todo o mundo.

"Todos os Estados-membros devem partilhar melhor o fardo da resposta humanitária aos conflitos", justificou a embaixadora interina dos EUA, Dorothy Shea, na reunião do Conselho.

"Os Estados Unidos têm suportado este fardo desproporcionalmente há décadas", frisou.

No discurso perante o Conselho de Segurança da ONU, Filippo Grandi garantiu que congelar ou cortar orçamentos humanitários já está a ter consequências fatais para milhões de vidas.

"Ouvimos falar em priorizar os interesses nacionais, em aumentar os gastos com defesa --- todas preocupações válidas e interesses legítimos do Estado, é claro. Mas estas não são incompatíveis com a ajuda, muito pelo contrário", insistiu, tentando convencer os países doadores a restabelecerem a ajuda aos mais necessitados.

"Ajuda é estabilidade", frisou o representante, que assumiu a liderança do ACNUR em janeiro de 2016.

Ao destacar que muitos dos países que integram o Conselho de Segurança já tiveram momentos na sua história em que tiveram de lutar pela liberdade e contra a opressão, já sentiram o "imperativo de deixar o próprio lar por causa da guerra, da violência e da perseguição", quer no papel de refugiados, quer a oferecer refúgio, Grandi pediu agora aos líderes mundiais para se sentarem "à mesa, com a responsabilidade de acabar com a guerra e trazer a paz".

Leia Também: Programa Alimentar Mundial esgotou todos os seus 'stocks' em Gaza

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