A oposição, muito crítica de Mugabe, pediu que a festa fosse cancelada como ato simbólico de apoio às comunidades mais afetadas pela escassez de alimentos que o país enfrenta, devido a uma seca severa.
"Com os 800 mil dólares gastos no aniversário de Mugabe podiam ter sido compradas 2.857 toneladas de milho", denunciou na sua conta da rede social Twitter o porta-voz do Movimento pela Mudança Democrática, Obert Gutu.
Durante a festa terão sido sacrificadas 54 cabeças de gado e servidas mais de cinco toneladas de carne para as dezenas de milhares de seguidores do governante da União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (ZANU-PF).
"Estamos a passar por uma grande crise e fazemos o melhor que podemos para alimentar a nossa nação", disse Robert Mugabe num discurso de mais de uma hora, pronunciado na Grande Zimbabué, as ruínas de uma cidade da Idade da Pedra, Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), localizadas em Masvingo, no sul do país.
O Presidente do Zimbabué, que está no poder desde 1980, reconheceu que o país "necessita de dinheiro para comprar milho" e assegurou que qualquer ajuda será bem recebida.
As agências humanitárias calculam que cerca de três milhões de pessoas - perto de 25% da população do país - estejam em risco de fome devido à seca, que deverá piorar nos próximos meses.
No início de fevereiro, o Zimbabué declarou o estado de emergência depois de o fenómeno climático El Niño ter provocado uma grave seca que acabou com grande parte das culturas e que colocou em alerta os 60 distritos rurais do país