As 24 obras de Miró foram doadas pelo seu neto, Joan Punyet Miró, e vão ser leiloadas na casa Christie´s de Londres, esperando-se que possam render à Cruz Vermelha cerca de 50 mil euros.
Joan Punyet Miró afirmou que fez a doação porque teria sido essa a vontade do seu avô.
"Considero-me o portador da chama no que toca aos seus desejos e tento fazer o que ele faria se ainda fosse vivo", afirmou o descendente do pintor.
O neto do pintor recordou que Miró "passou por muitas dificuldades ao longo da vida".
"Passou fome e viveu em exílio durante a Guerra Civil de Espanha", completou Joan Punyet Miró, acrescentando que o pintor acompanhou a situação de milhares de refugiados espanhóis que viveram em campos ao longo da fronteira com a França durante aquele conflito (1936-1939).
Miró, defensor dos Republicanos na Guerra Civil espanhola, estava em França quando o conflito estalou, tendo decidido ficar em Paris. Viveu em França, com a mulher e o filho, até à invasão nazi em 1940, que o fez regressar à Espanha franquista.
"Ele sempre quis ajudar os mais desfavorecidos, os refugiados e os que exilados. Hoje estaria consciente de que o que está a acontecer na Síria poderia acontecer em Espanha", salientou Joan Punyet.
Miró, que morreu em 1983 com 90 anos, tinha uma dívida de gratidão para com a Cruz Vermelha, já que foi um médico desta organização que salvou a perna da sua única filha - mãe de Joan Punyet - na sequência de um acidente de automóvel em 1965.
A vice-presidente da Cruz Vermelha espanhola, Rosa María Marco, realçou que as 24 peças cedidas por Joan Punyet Miró "destinam-se a projetos solidários da organização, como o acolhimento e a prestação de cuidados da população refugiada no Leste da Europa".