"As operações de patrulhamento militar no Mediterrâneo aumentaram as chegadas de migrantes, assim representando um incentivo e um fator positivo para o negócio do tráfico dessas pessoas", dizem dois académicos que estudaram o fenómeno de um ponto de vista econométrico.
Os professores Carlo Amenta e Paolo Di Betta, ajudados pelo procurador Gery Ferrara, um investigador do tráfico de migrantes, estudaram o fenómeno num trabalho apresentado na semana passada numa conferência em Londres e hoje partilhado com a agência de notícias alemã DPA.
Ao aumentar a segurança das viagens marítimas, as missões de resgate acabaram por tornar os serviços oferecidos pelos traficantes mais atrativos, assim aumentando os seus negócios, concluem os investigadores, que fizeram as contas sobre quanto vale este acréscimo de segurança.
De acordo com os dados disponíveis, deste que há patrulhamento dos mares, a partir do final de 2013, chegaram a Itália uma média de mais 900 migrantes por mês da Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Mali, Niger, Nigéria, Senegal, Somália e Sudão.
Assumindo que cada migrante paga cerca de 1430 dólares, isso permitiu aos traficantes ganharam mais 1,3 milhões de dólares por mês, ou praticamente 15 milhões por ano, dizem os investigadores.
O número representa um quarto das receitas anuais, estimadas em 60 milhões de dólares por ano.
Os investigadores não defendem o fim do patrulhamento e não recomendam qualquer iniciativa política sobre o fenómeno da migração, tendo dito à DPA que quiseram apenas estudar economicamente o fenómeno.