Na sua última edição, o Charlie Hebdo desenhou um ‘Terramoto à italiana’. A publicação compara um homem ensanguentado e uma "massa com molho de tomate"; uma mulher ferida a "massa gratinada" e uma pilha de corpos amontoados a uma "lasanha".
Essa ‘lasanha de mortos’ despertou a revolta e motivou queixa da Câmara de Amatrice, uma das cidades mais afetadas pelo sismo. Apesar da polémica, o diretor da publicação desvaloriza as críticas, dizendo que os italianos reagiram “histericamente”.
A revista foi ainda mais longe e publicou um cartoon onde um dos sobreviventes dos destroços diz que “não é o Charlie Hebdo que constrói as vossas casas, é a máfia”.
Numa entrevista à rádio France Inter, Laurent Riss Sourisseau, o diretor do jornal satírico, responde que a ameaça de um processo legal “não impressiona” o grupo do Charlie Hebdo e que os comentários e críticas ao jornal são resultado de uma “reação histérica” sobre a brincadeira.
“Nós temos dezenas e dezenas de desenhos como aqueles (…) Para nós é um cartoon de humor negro como aqueles que fizemos no passado, não tem nada de excecional e as reações nas redes sociais são completamente desproporcionais”, afirmou, não negando que a morte “ainda é um tabu, especialmente quando nos afeta diretamente”.
Ainda assim, Riss diz não se lembrar de qualquer reação por parte dos italianos quando o jornal fez um cartoon também polémico sobre o terramoto que abalou o Haiti em 2010. “Por vezes, nós temos de transgredir a morte um pouco”, terminou.