"Se os Estados Unidos disserem 'sim', então irei, não será um problema. Então, acabarei os meus dias atormentado [pelo Governo] e apresentar-me-ei perante Deus como um homem puro", declarou Gülen, 75 anos, à televisão pública alemã ZDF, de acordo com excertos de uma entrevista que deve ser difundida no final desta tarde.
Ancara exigiu a Washington a extradição de Fethullah Gülen e enviou às autoridades norte-americanas documentos que segundo os turcos provam o seu envolvimento no abortado golpe de 15 de julho. Na terça-feira, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan exigiu na tribuna da Assembleia geral da ONU uma ação internacional contra o fundador do movimento Hizmet (o 'Serviço').
De visita à Turquia no final de agosto, o vice-presidente norte-americano Joe Biden declarou "compreender os intensos sentimentos" do Governo turco em relação a Gülen, mas acrescentou que a Turquia deveria fornecer mais elementos que incriminassem o ex-imã, caso pretendessem obter a sua extradição.
Fethullah Gülen, acusado por Erdogan de ser o "cérebro" do fracassado golpe fomentado por um setor das forças armadas e exilado nos Estados Unidos desde 1999, voltou a rejeitar o que qualificou como "puras difamações".
"Estas acusações" devem ser investigadas por uma "organização internacional", disse à ZDF. "Caso sejam confirmadas as suspeitas, então aceitarei de imediato o que ela exige", afirmou. "Mas não vão encontrar o que quer que seja de sólido", acrescentou.
"Tudo isto é apenas o resultado da paranoia" do Presidente islamita-conservador turco que está "envenenado pelo poder", considerou ainda Gülen.