Donald Trump eleito como presidente de uma superpotência mundial tem, naturalmente, ramificações muito além do eleitorado a que se circunscreve. O discurso assertivo que vai contra todas as normas políticas pode trazer muitos desafios à política externa norte-americana.
A BBC enumera cinco pontos-chave onde o 45.º presidente dos EUA – se seguir o discurso de campanha – pode ter mais influência.
Livre comércio. O candidato republicano ameaçou acabar com vários acordos de livre comércio em existência, culpando-os pela perda de emprego nos EUA. Chegou a falar em tirar os EUA da Organização Mundial do Comércio (WTO, na sigla original). Falou em impor taxas de 45% a produtos importados da China e 35% aos do México. Levadas avante, estas alterações podem significar a reconfiguração mais significativa das relações comerciais dos EUA com o resto do mundo.
Mudanças climáticas. Trump garantiu que sairia do acordo de Paris (sobre a redução de gases com efeito de estufa), assinado por mais de 195 países no ano passado, e disse que iria parar as contribuições norte-americanas para os programas contra o aquecimento global das Nações Unidas. Para Trump, o aquecimento global é um ‘truque chinês’.
Fronteiras fechadas. Não há linha discursiva que tenha sido tão polémica quando esta. Donald Trump fez várias afirmações divisórias, que retratou pouco depois, sendo incerto que tipo de políticas tomará neste sentido. Primeiro queria deportar 11 milhões de imigrantes ilegais, depois queria deportar só os “milhões de criminosos” a viver em solo americano. Manteve a promessa de que vai existir um muro no México e que o país pagará por ele. ‘Sugeriu’ a proibição da entrada de muçulmanos nos EUA.
NATO. O presidente recém-eleito sempre criticou a NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte, Otan, em português), definindo os seus membros como aliados mal-agradecidos. Trump afirmou que os EUA não podem continuar a proteger países da Europa sem a devida compensação. Existem dúvidas em relação a uma possível saída da organização, sabendo-se que existem preocupações norte-americanas em relação aos seus membros, sim, mas apenas no que toca à percentagem de PIB que cada país gasta em Defesa.
Rússia. A boa relação de Trump com Vladimir Putin tornou-se alvo de elevada especulação, não se sabendo que frutos poderá dar. Sempre tiveram posições alinhadas no que respeita ao combate ao Estado Islâmico, mas são incertos os contornos que tomará esta relação política.