Ainda a procissão ia no adro, durante a última campanha presidencial dos Estados Unidos, e já muitas celebridades e cidadãos comuns ameaçavam sair do país caso Donald Trump ganhasse as eleições. Promessas feitas – certamente – contra as expetativas, rapidamente goradas com o resultado das eleições. Trump é o 45.º presidente dos Estados Unidos e, embora o site de imigração do Canadá tenha ido abaixo algumas vezes, Marsha Scarbrough é o primeiro nome de exílio efetivo pós-eleições.
Aos 69 anos, a jornalista nascida em Los Angeles que se tornou assistente de realização (profissão que manteve durante 20 anos) decidiu mudar-se de vez para Madrid, em Espanha, e por lá o ficar resto da sua vida, conforme relatou este domingo o El Mundo.
Não há qualquer ligação com o país - Martha é americana de gema e o pai, natural de Houston, era inclusive republicano - mas também não há, conforme diz ao jornal, vontade de permanecer num lugar com o qual já não se identifica.
“Com a sua vitória [de Trump] deu-se permissão às pessoas para libertar o racismo, a xenofobia e a misoginia que têm dentro de si. É demasiado desagradável e perigoso. Acho que isto vai alterar completamente a tónica da vivência nos Estados Unidos. É a morte de valores chave do nosso país”, indicou.
E porquê Madrid? “Os vossos políticos podem estar tão loucos quanto os nossos, mas as pessoas continuam a desfrutar da vida. Aqui [nos EUA] as pessoas estão verdadeiramente deprimidas”, esclareceu.
Sem filhos e sem qualquer outra ligação aos Estados Unidos, a não ser o amor por um país que ameaça extinguir-se naquilo que a apaixona, Marsha é assim o primeiro caso relatado de uma americana que vira as costas. “Eu quero ser feliz e nos Estados Unidos já não poderia”.