Falando durante a cerimónia de apresentação do financiamento, Bruno Clerc disse que, do valor total, metade se destina à proteção e acompanhamento de elefantes, uma espécie fortemente ameaçada de extinção em Moçambique, sendo o restante divido entre questões ligadas à coordenação de atividade e a operacionalização da Biofund, organização não-governamental vocacionada à preservação da vida selvagem no país.
"Este financiamento reitera o compromisso renovado das duas nações em favor da biodiversidade", afirmou o embaixador da França em Moçambique, lembrando que o desenvolvimento económico e social do país africano passa pela proteção da sua biodiversidade.
Desatacando a importância de uma atuação coordenada entre os parceiros e o Governo moçambicano para a proteção da vida selvagem, Bruno Clerc apontou a preservação do elefante como uma prioridade, considerando que se trata de uma questão de conservação de "um símbolo africano".
"Se esta tendência destes últimos anos continuar, até 2030, podemos ficar sem esta espécie no país", afirmou o diplomata, reiterando que são necessários mais projetos similares para a proteção destes animais e congratulando Moçambique pela iniciativa de criar, através da Biofund, um fundo destinado exclusivamente à proteção da vida selvagem.
Por sua vez, o ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, durante a sua intervenção, manifestou-se preocupado com a situação dos elefantes, destacando também a necessidade de mais projetos para conservação desta espécie.
"Nos anos de 1970, Moçambique tinha mais de 30 mil elefantes. Mas, entre 2004 e 2014, os registos apontavam para existência de 10 mil apenas", lamentou o governante, que destaca o envolvimento das comunidades na proteção dos animais como uma das principais condições para eficácia dos projetos de conservação.
"É nossa ambição que ação que o Governo está desenvolver, em parceria com outras instituições, traga bons resultados", assinalou Celso Correia, avançando que, através deste fundo, o país vai realizará brevemente um novo senso de elefantes.
A pobreza das populações e o crescimento do mercado internacional de venda de marfim são apontadas como as principais causas da matança de animais e a localização de Moçambique nas proximidades dos países considerados como centros da caça furtiva tem contribuído para a generalização deste crime.
O sul do país mantém uma forte presença de caçadores furtivos, que também atravessam a fronteira para caçar esta espécie no vizinho Parque Kruger, na África do Sul.
Dados oficiais indicam que Moçambique perdeu 48% da população de elefantes nos últimos cinco anos e pode ser banido do comércio internacional de derivados da espécie, devido à falta de clareza na gestão dos animais.
Também o rinoceronte encontra-se fortemente pressionado e atualmente quase inexistente em Moçambique.
O comércio ilegal estende-se em direção à Ásia, onde as presas de elefante e os chifres de rinoceronte são usados na medicina tradicional ou em objetos de luxo.
O valor desembolsado hoje será destinado a ações de preservação na Reserva do Niassa e no Parque do Limpopo.