"O senhor Macron é o candidato da globalização selvagem, da 'uberização', da precariedade, da brutalidade social, da guerra de todos contra todos, da pilhagem económica dos nossos grandes grupos, do desmembramento da França pelos grandes interesses económicos, do comunitarismo", acusou Le Pen.
Macron respondeu-lhe à letra, dizendo: "A sua estratégia é dizer muitas mentiras".
"A senhora é herdeira de um sistema que prospera com a ira dos franceses há décadas", frisou o candidato do movimento "Em marcha", no debate seguido por milhões de telespetadores.
São quatro os grandes temas em discussão ao longo de pouco mais de duas horas, num formato em que dois jornalistas colocam as questões: economia, terrorismo, educação e Europa.
Após dez dias de uma campanha agressiva entre as duas voltas das presidenciais, Emmanuel Macron, que obteve o melhor resultado na primeira volta, é ainda apontado pelas sondagens como o vencedor a 07 de maio, com cerca de 60% das intenções de voto, mas a margem de avanço em relação a Le Pen está a diminuir.
Num escrutínio muito atentamente observado internacionalmente, os dois candidatos devem convencer os muitos eleitores indecisos a dar-lhes o seu apoio, enquanto se prevê que a taxa de abstenção possa ultrapassar os 22% no próximo domingo.
Os seus programas eleitorais estão nos antípodas: Emmanuel Macron é liberal e pró-europeu, Marine Le Pen é anti-imigração, anti-Europa e antissistema.
O primeiro agrada sobretudo aos jovens urbanos, à classe média e ao meio empresarial; a segunda seduz as classes populares, a população rural e uma fatia do eleitorado francês vítima de desemprego endémico.
"Não são apenas duas personalidades, dois projetos, mas duas conceções da França, da Europa e do mundo" que estão em confronto, comentou o Presidente francês cessante, François Hollande.
Um ritual da vida política francesa desde 1974, o debate televisivo entre duas voltas eleitorais constitui tradicionalmente um momento forte e por vezes decisivo das campanhas presidenciais.