Esta sexta-feira o Papa Francisco visitou pela primeira vez a Capelinha das Aparições, em Fátima, onde pôde admirar a estátua de Nossa Senhora, no ano em que celebra o centenário das aparições aos três pastorinhos.
Dentro da capela, o atual líder da Igreja Católica observou a estátua com mais de 90 anos e a coroa feita com o ouro oferecido por fiéis, que nesta data será colocada na cabeça da Virgem Maria. Dentro da coroa, ao centro, está uma das balas que atingiu João Paulo II, em 1981, na praça de São Pedro, no Vaticano.
A ligação entre esta data, 13 de Maio, e João Paulo II é carregada de simbolismo por causa de uma tentativa de assassinato – a primeira – de que o Sumo Pontífice foi alvo. No ano de 1981, quando estava a entrar na Praça de São Pedro dentro do Papamóvel, o sacerdote polaco foi atingido por quatro tiros provenientes da multidão, duas balas atingiram-no num dedo e num braço e as outras duas alojaram-se na zona intestinal. Karol Wojtyla foi imediatamente levado para policlínica Gemelli, em Roma, em estado crítico mas acabou por sobreviver.
O Sumo Pontífice tinha sido baleado pelo turco Mehmet Ali Ağca, a quem concedeu perdão cinco dias depois.
João Paulo II era já um devoto do culto Mariano e o facto de ter escapado com vida do incidente não passou em branco. Um ano depois, a 13 de maio de 1982, o Papa João Paulo II visitou o Santuário de Fátima pela primeira vez, para agradecer a “mão protetora” de Nossa Senhora. De acordo com relatos, o Papa cumprimentou o presidente Ramalho Eanes no aeroporto dizendo: “Trago no meu coração a graça de Nossa Senhora, pois Deus salvou-me a vida durante a tentativa de assassinato”.
Foi nesta primeira visita apostólica a Portugal que João Paulo II foi vítima de uma segunda tentativa de assassinato. No Santuário de Fátima, no dia 12 de maio, o padre espanhol Juan Fernandez Krohn tentou atingir o Papa com uma baioneta mas foi detido a tempo pelo corpo de segurança do Papa João Paulo II. O sacerdote foi detido e condenado seis anos e seis meses de prisão. Atualmente está em Bruxelas.
A segunda visita do Papa João Paulo II aconteceu a 13 de maio de 1991, quando celebrou 10 anos do atentado. João Paulo II ofereceu, posteriormente, uma das balas que o atingiu ao então bispo de Leiria, D. Alberto Cosme do Amaral, tendo sido colocada na coroa de Nossa Senhora de Fátima.
João Paulo II visitaria Fátima mais uma vez, no ano 2000, para fazer a beatificação dos pastorinhos.
Foi neste mesmo ano que foi revelado o terceiro segredo de Fátima, por intermédio do secretário do Papa. Escrito a 3 de janeiro de 1944 por irmã Lúcia (as duas primeiras partes haviam sido reveladas em 1941), deveria apenas ser revelado depois de 1960. Este segredo, de acordo com a interpretação da irmã Lúcia, faz referência às vítimas da fé do séc. XX e a um “bispo vestido de branco” que irmã Lúcia dizia ser o Papa.