"Os líderes americanos devem honrar os nossos valores fundamentais, rejeitando claramente manifestações de ódio, intolerância e qualquer reivindicação de supremacia que negam o ideal americano de que todos os homens são criados como iguais", declarou Kenneth Frazier, que é afro-americano, numa mensagem divulgada na página da Internet do gigante farmacêutico americano Merck.
"Como diretor-executivo da Merck e em nome da minha consciência, considero ser minha responsabilidade assumir uma posição contra a intolerância e o extremismo", declarou ainda Frazier, de 62 anos, líder da Merck desde 2011.
No sábado, a cidade de Charlottesville, no Estado norte-americano da Virginia (leste), foi palco de violentos confrontos entre militantes de extrema-direita e contra manifestantes.
Os incidentes ocorreram na sequência de uma marcha associada ao movimento defensor da supremacia branca que foi convocada para contestar a decisão de Charlottesville de remover a estátua do general Robert E. Lee de um parque no centro da cidade, considerado atualmente um símbolo da defesa da escravatura e do racismo.
As autoridades locais consideraram o protesto ilegal e o governador da Virginia decidiu declarar o estado de emergência, mas milhares de pessoas convergiram para o centro de Charlottesville, a cerca de 160 quilómetros de Washington.
Pouco depois dos confrontos, um condutor -- que tinha participado na manifestação de extrema-direita - atropelou de forma intencional um grupo de contra manifestantes, matando uma mulher de 32 anos e ferindo outras 19 pessoas.
James Fields, de 20 anos e oriundo do Estado do Ohio, seria detido e acusado de vários crimes, incluindo de homicídio em segundo grau.
Numa primeira reação aos acontecimentos, o chefe de Estado norte-americano classificou, ainda no sábado, como "terríveis" os acontecimentos em Charlottesville, mas sem mencionar de forma direta os supremacistas brancos que tinham convocado a marcha, entre eles David Duke, ex-líder do KKK (Ku Klux Klan, movimento de supremacia branca), e vários elementos que exibiam símbolos relacionados com o regime nazi.
Nas mesmas declarações, Trump condenou "o ódio e o fanatismo" de "múltiplas partes".
As críticas foram imediatas e a Casa Branca sentiu a necessidade de esclareceu no domingo que o Presidente condena "todas as formas de violência, intolerância e de ódio" e "todos os grupos extremistas", incluindo os movimentos associados à supremacia branca.
"O Presidente afirmou [no sábado] de forma vigorosa que condenava todas as formas de violência, intolerância e de ódio. Isso inclui, é claro, os supremacistas brancos, o KKK, os neonazis e todos os grupos extremistas", declarou no domingo um porta-voz da Casa Branca.
Kenneth Frazier foi nomeado por Trump após as eleições presidenciais de novembro de 2016 para o "Conselho das Exportações", um órgão criado em 1973 e que serve para aconselhar sobre matérias relacionadas com a política comercial.
Trump não ficou indiferente a esta demissão e reagiu com uma mensagem publicada na rede social Twitter: "Vai ter mais tempo para dedicar-se à redução dos preços totalmente abusivos dos medicamentos".