"O aumento dos ataques e atentados suicida realizados pelo Boko Haram nos Camarões e na Nigéria causou pelo menos 381 mortos entre civis nos últimos cinco meses", informou a organização de defesa dos direitos humanos em comunicado.
"Do mês de maio ao de agosto, o número de vítimas civis foi sete vezes mais elevado que nos quatro meses anteriores. Apenas no mês de agosto, contámos 100 mortos entre civis" na Nigéria, indica a ONG, sublinhado que "o número real é sem dúvida mais elevado, porque nem todos os ataques foram relatados".
O Presidente nigeriano Muhammadu Buhari, eleito há dois anos, colocou a luta contra o Boko Haram entre as prioridades do seu mandato.
Apesar de o grupo ter perdido terreno face ao exército nigeriano e à coligação regional, a região do Lago Chade continua volátil e vastas partes do território inacessíveis.
Em julho, o grupo matou cerca de 70 pessoas num ataque a uma coluna de prospeção de petróleo no nordeste da Nigéria. Vários atentados suicidas foram levados a cabo em agosto na região de Konduga, a cerca de 20 quilómetros da capital do estado de Borno, Maiduguri.
Nos Camarões, a Amnistia contabilizou 30 atentados suicida desde abril, "mais de um por semana".
Além dos ataques indiscriminados contra civis, os extremistas -- em particular a fação liderada por Abubakar Shekau -- concentram-se novamente naqueles que consideram informadores das forças de segurança.
O Presidente, que regressou recentemente à Nigéria após três meses de ausência por 'baixa médica', reconheceu no final de agosto que o grupo aumentou os ataques. O chefe de Estado prometeu "erradicar" as ameaças de segurança no país.
O Boko Haram, que até à morte do seu fundador Mohamed Yusuf, morto pelo exército, era uma seita religiosa, tornou-se um movimento extremista perigoso, sob a liderança de Shekau em 2009.
O conflito já fez mais de 20 mil mortos desde essa data e causou mais de dois milhões de deslocados, segundo estimativas.
A Amnistia lembra também que a situação humanitária é alarmante em toda a zona do Lago Chade (Níger, Nigéria, Chade e Camarões), onde sete milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar.