"A crise de refugiados não é sobre refugiados. É sobre nós"
Num texto publicado no The Guardian, o ativista chinês fala sobre o seu próprio passado enquanto refugiado. E alerta para o risco de conter uma 'corrente' que precisa de fluir, em direção à liberdade.
© Reuters
Mundo Ai Weiwei
O artista e ativista chinês Ai Weiwei é figura de renome no mundo das artes. E é também uma figura que já enfrentou problemas com as autoridades chinesas, pelas suas críticas abertas à censura.
Esta sexta-feira, o The Guardian publica um texto de Weiwei em que o artista se debruça sobre a crise de refugiados, tema do seu último filme, 'Human Flow' ('a corrente humana'), filme que o levou a 40 campos de refugiados, em 23 países, nos últimos dois anos.
Num texto pessoal, o artista chinês fala do seu passado enquanto criança refugiada, num país que enfrentou uma purga intelectual nos anos 50 e 60. E afirma logo no título, em tom de mensagem para o mundo: "A crise de refugiados não é sobre refugiados. É sobre nós".
Escreve Weiwei que soube, com a sua família, o que era conviver com a “humilhação e sofrimento”, tudo para poder sobreviver como refugiado. Assim viveu duas décadas.
Ao longo do tempo em que filmou ‘Human Flow’, descobriu campos de refugiados recentes, muitos fruto de crises dos últimos anos, como a guerra na Síria e a perseguição aos rohingya. Mas também campos de refugiados onde vive já a terceira geração.
Sobre o seu passado, Weiwei critica a forma como, sob o comunismo, a as China natal ostracizou o seu pai, um dos poetas mais conhecidos então no país. Mas aponta também críticas ao ocidente e ao capitalismo.
“Neste momento, o ocidente – que beneficiou desproporcionalmente da globalização – simplesmente recusa assumir as suas responsabilidades, mesmo tendo em conta que a situação de muitos refugiados é resultado direto da ganância num sistema capitalista”, defende.
Sobre o fluxo de refugiados, Weiwei usa a mesma ‘corrente’ que dá título ao seu filme: “na natureza há duas formas de lidar com uma cheia. Uma é construir uma barragem para parar a corrente. A outra é encontrar o caminho certo para que a corrente possa continuar a fluir”.
Explicando a metáfora, escreve Weiwei que uma barragem terá sempre de crescer em altura para conter a corrente. E se um dia ceder, os resultados serão catastróficos. Já “a natureza da corrente é fluir. A natureza humana também busca a liberdade e esse desejo humano é mais forte que qualquer força natural”, defende.
O texto pode ser lido por inteiro no The Guardian.
Abaixo publicamos o trailer para ‘Human Flow’.
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