Fiel à sua reputação de conciliador, o chefe de Estado formou a primeira equipa ministerial da sua era respeitando equilíbrios políticos bastante frágeis.
Alguns regressos espetaculares para tranquilizar os mercados, a saída de personalidades acusadas de corrupção e a manutenção de um punhado de figuras do antigo regime.
"É uma equipa de transição que deve conduzir-nos até às próximas eleições, uma equipa que tem em conta as diferentes forças de que dispomos. Creio e espero que ela nos permita ir em frente", afirmou hoje o próprio Cyril Ramaphosa à imprensa.
"Este Governo é claramente um compromisso destinado a satisfazer o ANC (Congresso Nacional Africano, partido no poder). É provavelmente o melhor que ele (Ramaphosa) podia fazer nas atuais circunstâncias", disse à agência noticiosa francesa AFP o analista político Mari Harris.
Eleito em dezembro para a direção do ANC, o antigo vice-Presidente sul-africano sucedeu há 11 dias, na chefia do Estado da África do Sul, ao controverso Jacob Zuma, de 75 anos, afastado pelo seu partido após nove anos de uma presidência manchada por escândalos.
Primeiro sindicalista e depois empresário de sucesso, Cyril Ramaphosa, de 65 anos, prometeu livrar o país da corrupção e relançar a economia.
Saído exangue da era Zuma, o seu partido aproxima-se das eleições legislativas de 2019 em posição frágil e poderá, como preveem muitos analistas, perder a maioria absoluta que detém no parlamento desde o fim do apartheid, em 1994.
Para iniciar a "nova era" que promete nos seus discursos, Ramaphosa foi buscar duas vítimas célebres de Jacob Zuna que terão por tarefa restaurar os pergaminhos manchados do país junto dos investidores.
Demitido no final de 2015 pelo então Presidente, Nhanhla Nene recuperou o ministério das Finanças.
O arauto da utilização virtuosa dos dinheiros públicos Pravin Gordham, afastado da mesma pasta por Zuma há apenas um ano, foi agora nomeado para as Empresas Públicas, para tentar controlar a sua situação catastrófica.