Esta terça-feira cumpre-se o segundo dos cinco dias de greve dos enfermeiros, e a bastonária, Ana Rita Cavaco, apesar de reconhecer que os seis sindicatos do setor estão em negociações com o Governo, considera que “há motivos para a greve”, uma vez que os prazos estipulados pelo Executivo para a reposição das carreiras “foram incumpridos”.
“O problema é que o Governo comprometeu-se em entregar uma carreira no primeiro semestre deste ano, e já estamos em agosto e isso não aconteceu”, lamentou Ana Rita Cavaco em entrevista à RTP.
Sublinhando que esta é “uma greve longa” e que gera particular atenção na Ordem devido ao cancelamento de cirurgias, a bastonária reiterou que apoia a greve, independentemente do sindicato que a convoca.
“A Ordem [dos Enfermeiros] apoia sempre e tem apoiado sempre todas as greves de enfermeiros, independentemente do sindicato que a convoca, pelo que esta não é exceção”, reiterou.
Ana Rita Cavaco mostrou-se mais preocupado com “as formas de luta em setembro”, mês em que os seis sindicatos dos enfermeiros tomarão uma posição relativamente a uma nova greve ou “a outro tipo de ação”.
No entanto, continuou a bastonária, “o Governo tem todas as condições para apresentar a proposta a que se comprometeu”, até porque “os enfermeiros estão sem carreira desde 2009 e congelados nos seus escalões desde 2005”.
Em relação ao Orçamento do Estado para 2019, Ana Rita Cavaco não escondeu a sua preocupação pelo facto de “este Orçamento do Estado, na área da saúde, ser aquele que tem menos dinheiro nos últimos 10 anos”, o que faz com que os enfermeiros estejam “expectantes”.
Por fim, a bastonária analisou as 35 horas de trabalho na saúde, e considerou que a situação ainda não está normalizada, uma vez que, na sua perspetiva, seria necessária a contratação de 1.700 enfermeiros e, segundo a própria, até ao momento só foram contratados mil.