O treinador de Luís Grilo, o triatleta que foi encontrado morto depois de ter desaparecido há mais de um mês, já foi ouvido pela Polícia Judiciária. Ás autoridades, Nuno Barradas explicou por que razão considerou “estranha” a opção de treino do atleta, no último dia em que havia sido visto, na tarde de 16 de julho.
“Nada na vida e na personalidade de Luís Grilo faria supor este trágico desfecho. Foi um murro no estômago. Para mim, ainda é um pesadelo à espera de acordar”, começa por desabafar Nuno, na antena da TVI 24.
No entanto, o treinador diz ter manifestado “estranheza” pelo treino do triatleta por dois motivos. “O primeiro, pelo padrão que o Luís seguia”, explicou, dando conta de que o atleta tinha algum receio de pedalar na estrada porque as estradas são perigosas para os ciclistas.
Por esse motivo, Luís Grilo fez mais de 90% do treino para o seu objetivo indoor. Além disso, prossegue o treinador, sempre que treinava outdoor, "treinava sempre com companhia”. Pelo que a opção de ir treinar sozinho, conclui Nuno Barradas, “sai fora do padrão comportamental do Luís”.
“O segundo factor que me causa alguma estranheza foi o facto de o Luís ter cumprido o seu objetivo da época uma semana antes, uma prova muito dura, uma prova de triatlo de grande distância”, afirma o treinador.
Ora, o facto de ter feito essa prova há tão pouco tempo “fazia com ele [Luís Grilo] estivesse num período ou sem treino ou com treino leves e de regeneração activa”, explica, salvaguardando, contudo, “que a maior parte dos atletas amadores utilizam o desporto como forma de compensação para as agruras do dia a dia”.
A morte de Luís Grilo, triatleta amador e informático, está envolta num mistério, depois de o seu corpo ter sido encontrado nu, em elevado estado de decomposição, e com um saco de plástico da cabeça, a 134 quilómetros da casa onde morava com a mulher e o filho de 12 anos.