Festival defende-se. "Quando a Igreja é medrosa adoece e os fiéis também"

O Festival BONS SONS está envolto em polémica desde que o vídeo de um concerto realizado na Igreja de São Sebastião, em Cem Soldos, no último dia 11 de agosto, foi publicado na internet.

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Patrícia Martins Carvalho
03/09/2018 22:58 ‧ 03/09/2018 por Patrícia Martins Carvalho

País

BONS SONS

Um artista a tocar guitarra elétrica no altar da Igreja de São Sebastião na aldeia de Cem Soldos, em Tomar, foi a acha na fogueira cujas chamas estão agora ativas.

Assim que as imagens foram partilhadas na internet logo surgiram as críticas, acusando a atuação de não respeitar os princípios católicos.

Dada a polémica, a diocese de Santarém pronunciou-se, garantindo “não ter tido conhecimento prévio” de que a Igreja seria palco dos concertos do festival BONS SONS, informação que o pároco local confirmou, mas que desvalorizou, assegurando que a organização do evento tinha tido a sua autorização para a realização do evento.

No comunicado divulgado, o bispo de Santarém disse mesmo que, tendo em conta a música em causa, “não é legítimo programar numa igreja a execução de uma música que não é de inspiração religiosa e que foi composta para ser interpretada em contextos profanos”.

Em reação a todas as críticas, a organização do festival emitiu, esta segunda-feira, um comunicado no qual sublinhou que os “concertos na Igreja de São Sebastião são realizados com a autorização das entidades competentes”.

Ninguém consegue imaginar que faríamos oito concertos anuais, há dez anos, à revelia das pessoas e das entidades competentes

A organização diz mesmo que a “comunidade não se sente ofendida” e que toda a polémica foi criada por “pessoas ultra conservadoras que têm uma visão muito fechada da Igreja Católica, que não vai ao encontro da visão e da harmonia promovidas pelo BONS SONS”.

Sobre o vídeo que deu origem a todas as críticas, o festival deixou claro que “não se trata de um concerto de rock”, mas sim de um “concerto intimista, com voz e guitarra, dedicado ao interior do país, às suas paisagens e aos problemas de desertificação”, sendo que o “pequeno excerto apresentado retrata apenas o final mais efusivo e feliz do concerto”.

A terminar o longo comunicado, a organização do evento cita o Papa Francisco: "Um cristão sem alegria não é cristão; um cristão que continuamente vive na tristeza também não o é. Quando a Igreja é medrosa e não recebe a alegria do Espírito Santo, ela adoece, as comunidades e os fiéis adoecem".

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