Uma das estivadores que esta quinta-feira participou no protesto no porto de Setúbal disse, em declarações à SIC, que a situação que ali se vive “é uma vergonha” e “uma brutalidade”.
“Tenho uma filha com cinco anos. Trabalhei aqui até aos oito meses e meio de gravidez porque gosto do trabalho que faço”, afirmou, mostrando-se porém indignada - "como estivadora e mulher" - com o facto de terem sido substituídos os trabalhadores em greve por outros para fazer o carregamento de um navio com viaturas da Autoeuropa.
“Estou um bocado triste porque vieram-nos roubar o pão para a boca dos nossos filhos. Isto é uma vergonha nacional. Existem tantos meios para pagarem a ladrões que vêm roubar o nosso trabalho e não existem meios para pagarem uma vida digna à gente”, atirou.
De referir que os estivadores do porto de Setúbal estão em greve desde o dia 5 e marcaram o protesto para esta quinta-feira por estarem indignados com o facto de terem sido substituídos por outros trabalhadores, que dizem desconhecer, para efetuar o carregamento de automóveis.
Um protesto que ficou também marcado por alguns momentos de tensão, depois de os estivadores terem tentado impedir a passagem do autocarro que trazia outros trabalhadores. A polícia acabou por retirar os manifestantes, um a um, da estrada onde se encontravam sentados. Presente no protesto, o Bloco de Esquerda já veio acusar o Governo de ser "cúmplice" de uma manobra "de legalidade duvidosa" para "tentar travar" a greve daqueles trabalhadores que se encontram numa situação de precariedade.