"Não existiu qualquer conflito entre bombeiros. Funcionou perfeitamente a articulação entre os vários níveis da Proteção Civil", garantiu à Lusa Marco Martins, presidente da Comissão Distrital do Porto da Proteção Civil.
A Liga dos Bombeiros Portugueses decidiu no domingo "abandonar de imediato" a estrutura da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), um "corte radical" de protesto contra os diplomas sobre as estruturas de comando aprovados pelo Governo.
O ministro da Administração Interna determinou hoje à Proteção Civil a abertura de um "inquérito técnico urgente" ao funcionamento dos mecanismos de reporte da ocorrência e de lançamento de alertas relativamente ao acidente com o helicóptero do INEM, que caiu no sábado ao fim da tarde em Valongo, causando a morte aos quatro ocupantes.
Marco Martins revelou à Lusa que o Comando de Operações de Socorro (CDOS) do Porto foi alertado pelas 20:15, pelo Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS), para a queda do helicóptero do INEM, "tendo de imediato sido acionados os bombeiros de Valongo"
O responsável acrescentou que o Comando Nacional "foi avisado às 20h09 pelo departamento de monitorização de radares da Força Aérea".
Segundo o INEM avançou no sábado, a aeronave estava desaparecida desde as 18h30.
O comandante do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) do Porto, Carlos Alves, disse esta manhã desconhecer "qualquer atraso nas comunicações" entre bombeiros e aquela entidade no caso do helicóptero que caiu no sábado em Valongo, causando a morte dos quatro ocupantes.
"Não temos indicação de qualquer atraso da comunicação entre os bombeiros e a Proteção Civil. Toda a operação foi iniciada após comunicação da entidade local da Proteção Civil, neste caso o CDOS do Porto, para as corporações de bombeiros locais", afirmou Carlos Alves, em declarações aos jornalistas no local onde decorrem as operações de socorro, no concelho de Valongo, distrito do Porto.
"Tanto quanto sei, os bombeiros foram os primeiros a chegar ao local", acrescentou o comandante, que afirmou desconhecer "qual a primeira entidade a receber o alerta" sobre a queda do helicóptero e garantindo que o aviso chegou ao CDOS "às 20h15", cerca de duas horas após o último contacto da aeronave com a torre de controlo.
Sem conseguir "precisar a hora da chegada dos primeiros bombeiros" ao local onde caiu o helicóptero do INEM, Carlos Alves assegurou que "a operação [de socorro] foi desenrolada a partir das 20h15", hora a que a Proteção Civil recebeu o alerta para o acidente.
"O alerta para a Proteção Civil foi às 20h15. Tudo o resto que aconteceu antes não consigo confirmar", observou o comandante.
Segundo Carlos Alves, antes do alerta à Proteção Civil "há toda uma série de entidades que entram no processo de despoletar este tipo de operação".
"Desconheço qual foi a primeira entidade a receber o alerta", afirmou.
Marco Martins disse ser "falsa" a informação dada pela NAV de que o CDOS do Porto apenas "atendeu" uma chamada sobre o acidente quando a mesma foi "reencaminhada pelo CDOS de Coimbra".
"Quanto que diz a NAV, é estranho, até porque há uma linha direta da torre de controlo do Aeroporto do Porto para o CDOS do Porto e a mesma não foi acionada", acrescentou.
A empresa que gere a navegação aérea (NAV) revelou hoje que alertou, meia hora após a perda de contacto com o helicóptero do INEM, entidades como a Proteção Civil e a Força Aérea para a falha de comunicação com o aparelho.
Segundo a NAV, à 19h40 foi avisada a Força Aérea Portuguesa, "que é quem ativa a busca e salvamento", 20 minutos depois de terem sido contactados os CDOS do Porto, Braga e Vila Real, que "não atenderam".
"Só após contactar o CDOS de Coimbra, que reencaminhou a chamada para o Porto, é que se conseguiu contactar o CDOS do Porto", vincou a NAV.
A queda de um helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), ao final da tarde de sábado, no concelho de Valongo, distrito do Porto, causou a morte aos quatro ocupantes.
A bordo do aparelho seguiam dois pilotos e uma equipa médica, composta por médico e enfermeira.
A avaliação preliminar dos destroços indica que a queda da aeronave aconteceu na sequência da colisão com uma antena emissora existente na zona, segundo o gabinete que investiga acidentes aéreos.
A aeronave em causa é uma Agusta A109S, operada pela empresa Babcock, e regressava à sua base, em Macedo de Cavaleiros, Bragança, após ter realizado uma missão de emergência médica de transporte de uma doente grave para o Hospital de Santo António, no Porto.