Quatro em cada dez jovens não sente confiança a avaliar notícias

Quatro em cada dez jovens entre os 11 e os 17 anos não sente confiança em relação à veracidade das notícias que escolhe ver ou ler, de acordo com os resultados de um inquérito hoje divulgado.

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Lusa
23/02/2019 00:01 ‧ 23/02/2019 por Lusa

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Segundo o relatório 'EU Kids Online Portugal' de 2018, que analisa os "usos, competências, riscos e mediações da Internet reportados por crianças e jovens" entre os nove e os 17 anos, "um terço concorda com a afirmação de que pode confiar na maioria das notícias que 'escolhe' ler ou ver -- quase sem variação de idade e género, valor que desce para um quarto no que se refere à confiança nas notícias em geral".

O resultado mais expressivo aponta a não tomada de posição -- cerca de 40% assinalaram a opção 'não concordo nem discordo', refere o relatório ressalvando o módulo do relatório dedicado à Cidadania Digital, respondido apenas por metade das crianças e jovens entre os 11 e 17 anos, às quais foram "colocadas questões sobre confiança nas notícias e sobre a distinção entre realidade e ficção".

De uma forma genérica os inquiridos afirmam maioritariamente (52%) que consideram ser "fácil verificar se a informação que encontram na Internet é verdadeira", ainda que existam variações significativas entre rapazes e raparigas na confiança nessa capacidade de destrinça (as raparigas sentem menos segurança do que os rapazes).

As percentagens baixam significativamente se a pergunta se centrar nos meios de comunicação: menos de um terço afirma que pode confiar nas notícias que escolhe ler ou ver, e o total baixa para um quarto se a pergunta for sobre a confiança na generalidade das notícias.

Pouco mais de metade (53%) considera bons os meios noticiosos tradicionais, como a televisão, a rádio e os jornais, por ajudarem a distinguir a realidade da ficção.

Já a confiança no papel das redes sociais para essa mesma tarefa é bastante mais baixa, com apenas 28% a afirmarem concordância com a premissa de que Facebook, Twitter ou Instagram, por exemplo, podem ajudar a uma clarificação entre realidade e ficção.

Os autores do relatório português notam ainda a ambiguidade com que é usado e entendido o termo notícias pelos jovens, que o associam a comunicação interpessoal, ou seja, informação de cariz pessoal veiculada no seu círculo de relações.

"A consideração positiva relativamente aos meios noticiosos no que se refere ao registo da factualidade aumenta com a idade e é um pouco mais expressa por raparigas do que por rapazes. Estes resultados apontam a necessidade de trabalhar a literacia mediática e jornalística, bem como o sentido crítico na procura e validação de informação disponível, online e offline", indicam os autores do relatório português", lê-se no relatório.

A rede europeia EU Kids Online, que abrange 33 países e se dedica a estudar a segurança na Internet para crianças e jovens, é a responsável pelo estudo aplicado em vários países europeus, incluindo Portugal, onde a pesquisa foi coordenada pela professora e investigadora da Universidade Nova de Lisboa, Cristina Ponte, que contou com o apoio logístico da Direção-Geral de Educação.

"Aplicado em escolas públicas e privadas, foi respondido por uma amostra nacional (incluindo Madeira e Açores) composta por 1.974 rapazes e raparigas entre os nove e os 17 anos, em regime de auto-preenchimento em salas equipadas com meios digitais (preenchimento assistido por computador, CAPI)", explica a nota metodológica, que acrescenta ainda que as questões obrigatórias que compunham o inquérito foram aplicadas a toda a amostra, mas as que constituíam os dois módulos opcionais inquiridos em Portugal -- Cidadania Digital e Internet das Coisas -- apenas foram respondidas pelos maiores de 11 anos.

"As 1.974 crianças e jovens (9-17 anos) que responderam a este questionário distribuem-se igualmente por género e o grupo etário dos 13-17 anos constitui 62% da amostra", acrescenta ainda o relatório sobre o inquérito aplicado no primeiro semestre de 2018 nas escolas.

De acordo com o documento os resultados do inquérito de 2018 são comparáveis e confrontados com os resultados dos antecessores, em 2010 e 2014.

"Um intervalo de quatro anos entre cada questionário permite captar mudanças e continuidades no uso da internet entre crianças e jovens portugueses (9-17 anos) numa perspetiva longitudinal", refere-se no documento.

 

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