Sete portugueses - cinco homens, uma mulher e um jovem de 15 anos - optaram por ser repatriados para Portugal na sequência do ciclone Idai que destruiu a região da Beira, em Moçambique.
Os sete cidadãos chegaram à base militar de Figo Maduro, em Lisboa, cerca das 01h00, num Boeing 767-300ER da EuroAtlantic fretado pelo Estado português.
Em declarações aos jornalistas que os aguardavam, um dos portugueses lamentou ter ficado sem nada, dizendo que agora vai “para debaixo da ponte”, pois toda a sua vida ficou em Moçambique.
Quem aguardava pelos familiares em Figo Maduro disse ter vivido momentos de “muita angústia”, pois só “três ou quatro dias depois” da passagem do ciclone é que conseguiram contactar os familiares a viver na Beira.
Quem também esteve na base militar para receber os sete portugueses foi o ministro dos Negócios Estrangeiros que garantiu que “todos aqueles que quiseram ser repatriados foram-no”.
Augusto Santos Silva referiu que em Figo Maduro estava, não só uma equipa do INEM, como também elementos da Segurança Social para prestarem auxílio a quem regressa agora a Portugal com pouco mais do que a roupa que traz no corpo.
Uma das portuguesas repatriadas, Marila Lopes, contou os momentos de horror que viveu durante a passagem do ciclone Idai que atingiu Moçambique na noite de 14 de março. “Vocês não imaginam o vento que foi. Nós não morremos porque não calhou", relatou.
"Não dá para contar. Árvores inteiras a cair em cima dos telhados. Mas árvores centenárias, não é uma árvore qualquer. Não é dessas pequeninas que nós vemos. São árvores centenárias, árvores que partem logo uma casa, se for preciso", indicou Maria Lopes, acrescentando que, na cidade da Beira, "ninguém estava à espera disto".
Balanço mais recente do Idai sem portugueses entre as vítimas mortais
O ministro dos Negócios Estrangeiros enfatizou ainda que não há portugueses entre as vítimas mortais constantes no último balanço relativo ao ciclone Idai, acrescentando que o número de cidadãos nacionais por localizar "é inferior a dez".
"A boa notícia é que continuamos sem nenhum registo de portugueses entre as vítimas, que infelizmente, como sabem, são na ordem das centenas, registadas e confirmadas oficialmente", fez sobressair, referindo que até agora não foram registadas vítimas mortais portuguesas em Moçambique ou no Zimbabué, "onde também onde também há uma comunidade portuguesa significativa".
Segundo o balanço mais recente, a passagem do ciclone Idai por Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou a morte a pelo menos 761 pessoas, 446 das quais em Moçambique.