"O sonho de Catarina sempre foi ser mãe, mas acabou por morrer sem o ser"

A mãe de Catarina Sequeira referiu que, se tivesse de tomar a decisão hoje quanto à manutenção da filha em suporte orgânico de vida, esta não teria sido a mesma.

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Filipa Matias Pereira
28/03/2019 15:20 ‧ 28/03/2019 por Filipa Matias Pereira

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Maria de Fátima

"Catarina tinha morrido". As palavras são de Maria de Fátima Branco, mãe de Catarina Sequeira que ficou em morte cerebral, em dezembro de 2018, na sequência de uma crise de asma. A progenitora recordou, em entrevista à TVI 24, o momento em que lhe foi comunicado pela equipa médica do Hospital de Gaia que a filha tinha ficado durante muito tempo privada de oxigénio.

Apesar do cenário de tristeza, havia uma esperança. Catarina estava grávida de 19 semanas (quase quatro meses) e "o bebé estava bem, dentro do razoável". A família, composta pela mãe, pelos oito irmãos e pelo namorado, foi chamada à comissão de ética. No final, havia uma decisão unânime: Catarina seria mantida em suporte orgânico de vida para que fosse viável realizar o parto. A canoísta foi, desde então, "uma incubadora viva".

Se tivesse de tomar a decisão hoje, Maria de Fátima Branco "tinha acabado aquilo tudo. Não tinha tomado a decisão que tomei em dezembro". A mãe de Catarina apela a que não a interpretem mal. A questão, explicou, é que "o sonho de Catarina sempre foi ser mãe, mas acabou por morrer sem o ser, no sentido de estar ali todos os dias". Para além disso, "criei a minha filha, perdi-a, já aceitei isso. Agora estar ali todos os dias a ver o cadáver dela, a vê-la definhar ...".

Já quanto a Salvador, que nasceu na madrugada desta quinta-feira, com 1.700 gramas, sempre foi comunicado à família que a sua evolução decorria como esperado. Mas "a nível cerebral, não sabemos se o bebé esteve tanto tempo sem oxigénio quanto a mãe. Através da ressonância magnética não conseguiram perceber isso".

À TVI 24, Maria de Fátima recordou também que, a certa altura, foi confrontada com a possibilidade de o neto "ter de andar numa cadeira de rodas, ser alimentado por uma sonda". "Não quero isso", afirmou, justificando que "não é no sentido de egoísmo. Um ser vivo merece ser amado, mas quando amamos a pessoa, queremos que a outra conheça esse amor. E a Catarina dizia sempre que se tivesse um filho deficiente, preferia que ele morresse".

Catarina era, nas palavras da mãe, uma pessoa que "sempre viveu o momento", apesar da "vida de porcaria. Ela sempre lutou pelo pouco que tinha".

Agora é altura de pensar no funeral que, ao que tudo indica, se irá realizar esta sexta-feira em Crestuma, Vila Nova de Gaia. "Quando for o funeral, mais uma vez vou reviver essa perda. Mas no fundo não perdi a minha filha. Vou continuar a ser a mãe dos nove filhos. Perdi foi a ilusão de que a ia ter sempre aqui".

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