"Temos feito manifestações e vigílias, comunicados, nunca daremos por terminada a nossa luta. A população exige a rápida retirada dos resíduos. E se o Ministério do Ambiente, ao qual dirigimos muitos pedidos de audiência, mas sem resposta, não resolve a situação, temos de nos dirigir às entidades máximas", referiu o presidente da União de Freguesias de Fânzeres/São Pedro da Cova.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Vieira avançou que foram feitos "pelo menos 10.000 postais" que começam a ser distribuídos segunda-feira por toda a freguesia.
O autarca acredita que o envolvimento do movimento associativo, escolas e coletividades será "total".
Os postais têm como frase "Remoção total dos resíduos perigosos já!" e imagens que simbolizam sinais de perigo e produtos tóxicos.
Em causa está uma situação que remonta a 2001/2002, quando toneladas de resíduos industriais perigosos provenientes da Siderurgia Nacional, que laborou entre 1976 e 1996, na Maia, distrito do Porto, foram depositadas em São Pedro da Cova.
Entre outubro de 2014 e maio de 2015 foram retiradas 105.600 toneladas, mas, entretanto, foi revelado que existem mais resíduos e lançado um concurso, que obteve sete candidatos, com vista à retirada de 125 mil toneladas.
O Ministério do Ambiente, através do Fundo Ambiental, alocou 12 milhões de euros para a remoção total dos resíduos.
A 24 de abril do ano passado foi anunciado que a obra de remoção arrancava este ano e terminava em 2019, mas em junho foi noticiado que a empreitada tinha sido adiada, devido a um processo judicial de impugnação instaurado ao concurso de adjudicação por um dos concorrentes que não ganhou.
"Esse anúncio aconteceu há quase um ano e ainda nada foi resolvido. É tempo demais. Exigimos a imediata retirada dos resíduos e a requalificação do espaço. A população e a freguesia já foram muito sacrificadas com esta situação", criticou Pedro Vieira.
No início de abril, em resposta à agência Lusa, fonte ligada ao Ministério do Ambiente apontou que "não existem neste momento novidades sobre o processo".
Entretanto no dia 10 do mês passado, o Tribunal de São João Novo, no Porto, absolveu seis pessoas que o Ministério Público acusou pela deposição dos resíduos perigosos.
Para o coletivo de juízes que julgou o caso, ficou por provar a tese segundo a qual os arguidos cometeram o crime de poluição com perigo comum, ao contrário do que se defendia na acusação do processo.
"Não se provou que os arguidos atuassem com a intenção de pôr em perigo a vida das pessoas", nem mesmo que tivessem violado as leis ambientais vigentes à época, entenderam juízes do Porto.
"A população ficou confusa. Sabem que é perigoso, mas depois não há responsáveis. Este é um processo complexo, mas está nas mãos do Governo desbloquear a situação", considerou, por sua vez, o presidente da Junta de Freguesia de Fânzeres e São Pedro da Cova.