Contactado pela Lusa, António Sérgio Ferreira, investigador do Laboratório de Sistemas e Tecnologias Subaquáticas da FEUP, adiantou que a ferramenta, testada esta manhã "com sucesso" no aeródromo da LIPA, em Santo Tirso, vai servir de "apoio" às autoridades responsáveis pelo combate às chamas.
"A ferramenta permite dar uma visão geral do estado atual do fogo e uma previsão de como as chamas irão progredir tendo em conta informação do terreno, como, por exemplo, a elevação, e informação ambiental, como a temperatura, direção do vento e humidade", esclareceu.
Segundo o investigador, a ferramenta dá "o primeiro alerta" de incêndio através de imagens recolhidas por câmaras de infravermelhos térmicas que estão instaladas em drones, os 'UAVs'.
A informação recolhida pelo drone é enviada a um simulador e este comunica o "alerta" à estação de controlo central, estação essa que, segundo António Sérgio Ferreira, "pode estar em qualquer local".
"Estes 'UAVs' recolhem imagens de infravermelhos e vão alimentando o simulador. Este modelo permite às entidades terem uma melhor noção para onde está a progredir o fogo e, a partir daí, fazerem a alocação de recursos e melhorar a abordagem estratégica de combate", frisou.
Além de investigadores da FEUP, estiveram também envolvidos na criação deste instrumento especialistas da Universidade de Vigo (UVigo) e do Laboratoire d'analyse et d'architecture des Systèmes (LAAS-CNRS) da Universidade de Toulouse.
A ferramenta foi desenvolvida no âmbito do FIRE-RS (Wildland FIRE Remote Sensing), um projeto financiado pelo Programa de Cooperação INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP).
À Lusa, António Sérgio Ferreira adiantou que "esta não é uma solução final", isto porque as entidades do consórcio já submeteram uma nova candidatura ao programa INTERREG para dar "continuidade" ao projeto e "refinar" a tecnologia junto das equipas de profissionais que combatem os incêndios.
"Há escolhas que nós como investigadores fizemos que podem não ser aquelas que uma corporação de bombeiros ou um comando distrital necessita", disse, adiantando que a equipa de investigadores vai, por isso, "fazer modificações para ir ao encontro das necessidades especificas" das autoridades.
Quanto aos desafios que esta ferramenta enfrenta em contexto real, António Sérgio Ferreira acredita estarem relacionados com as "questões legais", nomeadamente com a "partilha do espaço aéreo" por parte das aeronaves não tripuladas e das aeronaves tripuladas e utilizadas no combate aos incêndios.
"Para já não existe um 'cookbook' de como resolver esta questão porque a legislação sobre drones ainda está a ser desenvolvida. Se calhar deviam de ser feitas exceções para este tipo de atividade", concluiu.