Marcelo Rebelo de Sousa protagonizou o aguardado discurso do Dia de Portugal, 10 de Junho, celebração que está a ter lugar em Portalegre, e que segue depois para Cabo Verde. Em resposta à intervenção anterior do jornalista João Miguel Tavares, que apelou a que os "políticos que nos deem alguma coisa em que acreditar", Marcelo afirmou que esta nação "é muito maior que as suas fragilidades e erros".
Para o Presidente da República “celebrar o nosso dia, em Portalegre, na cidade da Praia e em Mindelo, é celebrar o essencial do que somos: uma só pátria” e uma forma de enriquecer “os portugais que as nossas comunidades criam lá fora” e os “portugais que se formam cá dentro”.
Referindo-se, precisamente, aos ‘portugais cá dentro’, o chefe de Estado considerou que a escolha de estar em Portalegre é uma forma de assumir “o valor de um compromisso acrescido para com estas e estes portugueses que resistem à distância física e que não renunciam a querer ser cidadãos de primeira, como aqueles que cresceram e viverem nas metrópoles, onde estão centrados os poderes públicos.
Para Marcelo o 10 de Junho tem de ser mais que “um rito de passagem, uma conveniência de ocasião, mais que um pretexto de evocação do passado. Tem de ser um compromisso de futuro para com esta terra e para com esta gente”.
O Presidente que discursou a seguir a João Miguel Tavares quis também dar uma visão diferente das palavras proferidas por este primeiro, que referiu que "a falta de esperança e as desigualdades de oportunidades podem dar origem a uma geração de adultos desencantados" no país.
"Ao menos no dia de Portugal admitamos que somos do mais próximo ao distante de cada um dos cidadãos. Somos muito que fragilidades ou erros. E por sermos muitos mais é que tivemos e temos a nossa história de quase 900 anos. Que temos uma comunidade mais inclusiva apesar das suas desigualdades. Que temos o mérito que os outros nos reconhecem mesmo quando nós hesitamos em nele nos reconhecermos. Mas também uma pátria irmã de muitas outras que conosco partilham uma comunidade de língua e sonhos", afirmou.
“Portugueses, faltam menos de três décadas para fazermos 900 anos, não há muitas nações do mundo assim”, lembrou, salientando que apesar de “não termos complexos quanto ao nosso passado”, “o futuro é o nosso propósito cimeiro”.
Num discurso um pouco mais longo do que tem feito nestas cerimónias, o chefe de Estado, durante cerca de 15 minutos, falou sobre múltiplos casos de sucesso de portugueses no mundo, muitos dos quais são desconhecidos por parte da generalidade dos cidadãos nacionais.
Neste contexto, no entanto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou depois um sério aviso: "Não podemos nem devemos omitir ou apagar os nossos fracassos coletivos, os nossos erros antigos ou novos".
"Não podemos nem devemos esquecer ou minimizar insatisfações, cansaços, indignações, impaciências, corrupções, falências da justiça, exigências constantes de maior seriedade ou ética na vida publica", declarou ainda numa nova mensagem crítica.