Tempo de serviço dos professores não compromete confiança no PCP
A votação no parlamento sobre o tempo de serviço dos professores não coloca um problema de confiança na relação com o PCP, garantiu Mário Nogueira, que entende a decisão que "terá tido em conta outros aspetos políticos mais gerais".
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País Mário Nogueira
A votação final das alterações ao diploma da contagem do tempo de serviço dos professores, que a 10 de maio confirmou a reviravolta num processo que dias antes parecia ganho pelos docentes, foi também um momento pouco habitual na cena política nacional, em que o PCP votou contra as pretensões dos sindicatos, nomeadamente de uma das maiores federações -- a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) - da central sindical -- a CGTP -- associada aos comunistas.
Depois de um apelo direto para uma viabilização da proposta da direita, que recuperava normas relativas a sustentabilidade orçamental - que tinham caído, dias antes, na votação na especialidade do texto final -- mas que garantia o objetivo principal dos professores -- a contagem integral dos nove anos, quatro meses e dois dias -- o PCP votou contra, com a justificação de que as normas avocadas por PSD e CDS-PP, para além de obedecerem a ditames de Bruxelas que os comunistas se recusam a aceitar, traziam acopladas uma revisão do estatuto da carreira docente, também inaceitável.
"Não, não há um problema de confiança e noutros momentos também tenho tido posições que são as minhas, são a minha opinião, não é?", disse em entrevista à Lusa, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, que se recusa a centrar a questão no PCP, partido do qual é militante base, dizendo que também o Bloco de Esquerda (BE) e os Verdes votaram da mesma maneira.
O líder da Fenprof disse que a federação "não é uma organização de professores que militam no partido A ou B" e que, contas feitas, entre os dirigentes até haverá mais militantes do partido do Governo (PS) do que do PCP, pelo que "não é essa a questão".
"O nosso apelo foi o apelo de quem representa um grupo profissional. Esperávamos que pudesse ser ouvido. A decisão dos partidos à esquerda do PS foi, naturalmente, uma decisão que terá tido em conta esse grupo, mas que provavelmente terá tido em conta outros aspetos políticos mais gerais, uma vez que não são apenas de um grupo", disse.
Sobre eventuais divisões no PCP em relação ao tempo de serviço dos professores e as declarações do antigo secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, durante um fórum na rádio TSF, no qual disse que o apelo de Mário Nogueira aos partidos à esquerda resultava de desespero face à reviravolta, o líder da Fenprof recusou quaisquer desentendimentos.
E disse que no próprio dia das declarações recebeu um telefonema a afirmar que a intenção da afirmação era exatamente a contrária da interpretação que circulou, ressalvando que se trata de alguém que "tem estado sempre solidário com a luta dos professores".
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