Eventual fecho rotativo das urgências de obstetrícia é um "remendo"

A Ordem dos Médicos considerou hoje como "um remendo" o eventual fecho rotativo das urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa, lembrando que são unidades "de fim de linha" que se encontram "há meses sobrelotadas".

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© Miguel Guimarães

Lusa
20/06/2019 13:43 ‧ 20/06/2019 por Lusa

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Ordem dos Médicos

 

"O encerramento rotativo das grandes maternidades de Lisboa, que está neste momento a ser discutido a nível da ARS, é um remendo da situação grave que está a acontecer nestas maternidades de referência e de 'fim de linha', que não têm recursos humanos", disse Alexandre Lourenço presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos.

Em declarações à agência Lusa, o responsável alertou ainda que nestas unidades hospitalares "muitas vezes há um número de camas insuficiente para responder de forma integrada às necessidades da população".

Segundo Alexandre Lourenço, a Ordem dos médicos anda há dois anos a alertar que a assistência ao parto, na maior parte das maternidades, "tem estado a degradar as suas condições normais de funcionamento,[com] menos recursos, menos qualidade para mais partos, mais exigência"

Segundo noticia hoje o jornal Público, as urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa vão estar fechadas durante o verão, fechando rotativamente uma de cada vez, devido à falta de especialistas.

De acordo com o Público, "a partir da última semana de julho e até ao final de setembro" as urgências de obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa, Hospital de Santa Maria, São Francisco de Xavier e Amadora-Sintra vão estar "fechadas num esquema de rotatividade".

Alexandre Lourenço considerou que este caso "é o culminar de uma série de notícias que começaram em Portimão, Beja, e que no ano passado afetaram a Maternidade Alfredo da Costa, bem como Setúbal e Barreiro".

"A situação está a agravar-se e a alastrar. Queremos saber porque se esperou tanto tempo para estas reuniões e porque não há soluções concretas e eficazes que protejam grávidas e recém nascidos em toda a região Sul", questionou.

O responsável reiterou que a Ordem já assistiu a "remendos múltiplos em vários sítios", lembrando que para o ano esta situação "vai ser mais grave", pois irá a assistir-se a "um número crescente de partos e menos médicos nas maternidades".

Alexandre Lourenço lembrou que a maior parte dos médicos tem "55 anos ou mais" e "estão em regime de voluntariado a fazer este tipo de remendo".

"O fecho rotativo não é uma solução brilhante porque as camas também não estão em número suficiente. Se fechar uma maternidade ao público as outras duas ou três têm de compensar a falência de uma grande maternidade", acrescentou.

Como solução, Alexandre Lourenço indicou a necessidade de se modificar as formas como se "contratam, recompensam e se tratam os recursos humanos".

"Para ser uma solução, tem de haver um conjunto de medidas e de salvaguardas para impedir que haja situações graves em qualquer gravida que esteja em trabalho de parto na zona de Lisboa", frisou.

O Conselho Regional da Ordem dos Médicos convocou todos os Diretores Clínicos, Diretores de Obstetrícia e de Unidades Neonatais da Região Sul para uma reunião urgente na terça-feira para a Sede da Ordem dos Médicos.

 

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