"O júri, que reconheceu o percurso [de Maria do Céu Guerra] como 'uma das mais extraordinárias atrizes do teatro português e a alma da companhia teatral independente A Barraca', não esqueceu outro dos significados do prémio, que é honrar a 'memória coletiva da civilização europeia'", lê-se na mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, publicada no site da Presidência da República.
"Há muito que os portugueses conhecem o trabalho apaixonado, empático e memorável de Maria do Céu da Guerra, tanto em teatro, como em televisão e cinema, da comédia popular aos clássicos e aos textos interventivos. E A Barraca é um dos projetos mais duradouros do teatro português das últimas décadas", acrescenta o Presidente da República Portuguesa.
"Esta distinção homenageia também o empenho cívico da atriz [a nível internacional], que recentemente lhe valeu, em Portugal, o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural", recorda Marcelo Rebelo de Sousa.
Maria do Céu Guerra receberá o prémio no sábado, na abertura do Festival Internacional de Teatro - Ator da Europa, que se realiza nas margens do Lago Prespa, nos Balcãs, na fronteira entre Macedónia, Albânia e Grécia.
O prémio de honra 'Actor/Actress of Europe' é atribuído desde 2003 por um comité do festival, para reconhecer o percurso artístico de uma personalidade do teatro e o contributo criativo para a memória coletiva da civilização europeia, lê-se na página oficial do festival.
"É uma das mais extraordinárias atrizes do teatro português e a alma da companhia teatral independente A Barraca", sustenta o comité, presidido por Jordan Plevnes, sobre Maria do Céu Guerra.
Maria do Céu Guerra de Oliveira e Silva nasceu em Lisboa, a 26 de maio de 1943, frequentou a licenciatura de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, período em que começou a interessar-se pelo teatro, e fez parte do grupo fundador da Casa da Comédia.
A atriz estreou-se nesta companhia, em 1965, na peça 'Deseja-se Mulher', de Almada Negreiros, encenada por Fernando Amado.
Desde então, interpretou, como atriz e encenadora, centenas de autores como Gil Vicente, António José da Silva, Jean Racine, Moliére, Gervásio Lobato, André Brun, Federico García Lorca, Yves Jamiaque, Eugène Labiche, Eugene Ionesco, Samuel Beckett e Hélder Guerra, dramaturgo e encenador, outro nome de referência da companhia A Barraca.
No cinema, trabalhou com cineastas como Fernando Matos Silva, Fernando Lopes, Manuel Costa e Silva, Eduardo Geada, José Fonseca e Costa, Margarida Gil e António-Pedro Vasconcelos, entre outros.
Entre os muitos prémios recebidos ao longo da sua carreira destacam-se o Bordalo, da Casa da Imprensa, que lhe foi entregue por duas vezes, pelo trabalho no teatro de revista (1971) e em A Barraca (1982), assim como o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos, como melhor atriz do ano, em 1980 e 1983.
O Sete de Ouro (1983), o prémio da revista Mulheres (1986), o Globo de Ouro/SIC, em teatro (2007) e em cinema (2015), e o Prémio Sophia (2015), da Academia Portuguesa de Cinema, contam-se entre outros galardões que reconheceram o trabalho de Maria do Céu Guerra, como melhor atriz.
Em agosto de 1985, foi distinguida como Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e, nove anos depois, recebeu o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique.
Em janeiro deste ano recebeu o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural.