Trump quer Gronelândia? Portugal respeita "soberania da Dinamarca"

O Governo português disse esta quarta-feira defender a soberania da Dinamarca e que será o povo da Gronelândia a decidir o seu futuro, face à intenção do Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, de assumir o controlo deste território.

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© Dado Ruvic/Reuters

Lusa
15/01/2025 20:39 ‧ há 2 horas por Lusa

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Gronelândia

"Respeitamos a soberania do reino da Dinamarca e do povo da Gronelândia, e como Estado-membro da União Europeia, respeitando a sua soberania e como foi reiterado pelos nossos parceiros dinamarqueses, será o povo da Gronelândia a decidir o seu futuro", disse hoje a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos, no parlamento, durante um debate sobre as prioridades da presidência polaca do Conselho da União Europeia (UE).

 

A governante respondia a uma pergunta da deputada do Bloco de Esquerda (BE) Isabel Pires, que questionou qual é a posição do Governo português sobre "uma potência como os Estados Unidos ameaçar ocupar a Gronelândia".

O futuro Presidente norte-americano, que toma posse no próximo dia 20, declarou recentemente que a "propriedade e o controlo" da Gronelândia, que já tinha tentado adquirir durante o seu primeiro mandato (2017-2021), é "uma necessidade absoluta" para a segurança nacional dos Estados Unidos.

Trump admitiu que não excluía a possibilidade de recorrer à força militar ou à coerção económica para assumir o controlo da Gronelândia, sob soberania dinamarquesa e rica em minerais, onde fica situada uma grande base militar dos Estados Unidos.

Ainda sobre a relação de Portugal com a futura administração norte-americana, o BE questionou o executivo sobre a intenção de Trump de "deportar milhares de portugueses, que estão a renovar o seu passaporte", mas Inês Domingos recusou "entrar neste debate" alegando que as autoridades portuguesas "não têm a indicação de que a administração [de Trump] queira expulsar cidadãos portugueses".

"Quero exaltar uma relação positiva e que desejamos manter com os Estados Unidos, em particular para defender os cidadãos portugueses e lusodescendentes", mas também "a relação económica e política", como "fizeram todos os governos portugueses", sublinhou.

Durante o debate, várias bancadas questionaram o Governo sobre a aposta na Defesa europeia -- o lema da presidência polaca, que decorre neste primeiro semestre, é "Segurança, Europa!" -- e sobre a proposta de Donald Trump de os Estados-membros da NATO elevarem a contribuição para 5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é atualmente é de 2%, meta que o Governo de Luís Montenegro (PSD-CDS/PP) quer atingir até 2029.

Inês Domingos afirmou que a prioridade da presidência polaca parte da "constatação da Comissão Europeia de que é preciso que os Estados-membros e a própria União Europeia invistam mais em segurança e defesa, compreensível dada a exigência do momento atual, com uma guerra literalmente às portas da Europa [na Ucrânia] e quando há atores externos a tentarem influenciar a União Europeia através de instrumentos híbridos não convencionais", referindo-se à Rússia.

"É totalmente compreensível este reforço da política de Defesa. Portugal acompanhará, dentro das suas responsabilidades", disse, repetindo que esta aposta não comprometerá as restantes políticas do Governo.

A secretária de Estado argumentou que "uma economia que cresce pode ter mais despesa em geral, em vários setores".

"Não é o caso" de "para fazer crescer um lado é preciso reduzir o outro", e por isso "não deve ser uma preocupação", sublinhou.

Por outro lado, Inês Domingos assinalou que "uma parte da despesa em instrumentos de segurança e defesa tem várias utilizações", nomeadamente civis, e noutros âmbitos, como a investigação.

"Não vejo que seja um problema", afirmou.

Leia Também: Primeira-ministra da Dinamarca reforça que Gronelândia "não está à venda"

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