Justiça francesa pede reexame de repatriamento de filhos de jihadistas

O Tribunal Administrativo de Paris anulou hoje a recusa da França de repatriar 29 filhos de jihadistas franceses e das suas mães detidos na Síria, ordenando que o pedido seja reexaminado no prazo de dois meses.

Notícia

© iStock

Lusa
13/03/2025 17:04 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Síria

"Trata-se de uma decisão histórica", afirmou a advogada que representa os familiares das famílias francesas detidas, Marie Dose, apelando a que as crianças regressem a casa imediatamente, porque "a França já hesitou o suficiente neste triste caso".

 

Em 2024, os avós membros do coletivo Famílias Unidas apresentaram pedidos de repatriamento para França de 29 crianças francesas detidas com as suas mães no campo de Roj, no nordeste da Síria, que foram recusados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

Por essa razão, o coletivo e os advogados das famílias decidiram levar o caso ao Tribunal Administrativo de Paris, sublinhando a vulnerabilidade destas crianças, com idades compreendidas entre os seis e os quinze anos, algumas das quais nunca viveram em liberdade.

Na audiência do início de fevereiro, o relator público decidiu a favor dos requerentes, sublinhando "o risco excecional de perigo para a vida dos menores".

"Espero que isto se concretize muito, muito rapidamente e que não fiquemos por aqui. Temos de encerrar esta página vergonhosa e repatriar todas as crianças e as suas mães", disse à agência France-Presse um avô de três crianças detidas em Roj, após a decisão do tribunal.

A França realizou várias operações de repatriamento, que cessaram no verão de 2023 por causa do perigo envolvido, apesar das condenações internacionais, incluindo do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem em 2022.

Vários membros do coletivo visitaram o local em agosto passado e referiram as condições de vida extremamente precárias dos seus familiares, que "não recebem cuidados médicos, sofrem de má nutrição, não vão à escola e vivem numa zona de guerra", segundo a advogada.

De acordo com o coletivo, pelo menos 120 crianças francesas e 50 mulheres continuam detidas na Síria e todas as mães têm mandados de captura contra elas.

No início de março, o Tribunal Administrativo de Recurso de Paris decidiu que não tinha competência para pedir à França que reconsiderasse o pedido de repatriamento de três cidadãos franceses que tinham partido para combater na Síria e foram detidos pelas forças curdas.

Desde a queda da organização terrorista Estado Islâmico (EI), há seis anos, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês considera que os acusados de cumplicidade com o EI devem ser julgados localmente.

A Síria vive um momento de transição na sequência da tomada de poder em 08 de dezembro pelo conjunto de forças rebeldes, lideradas pela Organização para a Libertação do Levante (HTS), que resultou na queda do antigo regime do ex-Presidente Bashar al-Assad, que travava há quase 14 anos uma guerra civil com a oposição.

Leia Também: Qatar dá início a fornecimento de gás natural à Síria através da Jordânia

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas