Azeredo Lopes é suspeito de saber, desde o início do plano da Polícia Judiciária Militar (PJM) para a recuperação do material de guerra roubado dos paióis de Tancos, em junho de 2017.
De acordo com a revista Sábado, que teve acesso ao despacho do MP, os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) sustentam que, em agosto de 2017, dois meses antes do "achamento", Azeredo Lopes teve uma reunião no Ministério da Defesa com o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar, Luís Vieira, na qual foi informado - e deu o aval - do plano para a recuperação do material.
Assim sendo, garante a revista do Grupo Cofina, o ex-governante é suspeito dos crimes de denegação de justiça e prevaricação e ainda abuso de poder.
Azeredo Lopes reagiu entretanto à notícia divulgada esta sexta-feira. Num comunicado enviado às redações, o ex-ministro da Defesa lamenta "a flagrante violação do segredo de justiça que tal notícia consubstancia, e a que todos os agentes processuais estão obrigados por lei".
No mesmo documento, o antigo ministro da Defesa e arguido no caso de Tancos afirma confiar na justiça porque nada fez de "ilegal ou incorreto" e reitera "as declarações feitas na Comissão Parlamentar de Inquérito de Maio de 2019".
Azeredo Lopes é um dos 24 arguidos do processo que investiga o furto de armas de guerra nos paióis de Tancos, divulgado a 29 de junho de 2017.
O ex-ministro está proibido de contactar com os outros arguidos e com o seu ex-chefe de gabinete e com o antigo chefe de Estado Maior do Exército, general Rovisco Duarte.
Quase três meses após a divulgação do furto das armas, a Polícia Judiciária Militar revelou o aparecimento do material, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial, por suspeitas de associação criminosa, tráfico de armas e terrorismo no furto do armamento e durante a qual foram detidos o agora ex-diretor da PJM Luís Vieira e o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e três militares da GNR, num total de oito militares.