"O que posso dizer é que o equipamento não é para ser utilizado no combate aos incêndios", afirmou Ricardo Fernandes, representante da empresa Foxtrot Aventura, situada em Fafe, em declarações à Lusa.
O representante da empresa fornecedora precisou à Lusa que o 'kit' se destinava a ações de 'merchandising', "material demonstrativo para distribuir à população", acrescentando desconhecer o uso que lhe foi dado pela entidade que o adquiriu, no âmbito de um concurso público.
Segundo a empresa, parte do material, nomeadamente as máscaras de proteção respiratória, até pode ser utilizado no teatro de operações de algumas catástrofes, mas nunca no combate a incêndios.
O JN noticiou hoje que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização foram entregues pela Proteção Civil no âmbito do programa, que abrange quase duas mil aldeias.
De acordo com o jornal, as golas antifumo, fabricadas em poliéster, "não têm a eficácia que deveriam ter: evitar inalações de fumos através de um efeito de filtro".
Dois oficiais de segurança do distrito de Castelo Branco disseram ao JN que "a gola aquece muito" e "cheira a cola". Estes oficiais queixaram-se também do colete refletor, também feito em poliéster.
Ricardo Fernandes disse não estar autorizado a disponibilizar para consulta o caderno de encargos do concurso público, mas anotou que quem o deve fazer é a Autoridade Nacional da Proteção Civil.
A Proteção Civil esclareceu hoje, em comunicado, que os materiais distribuídos no âmbito dos programas "Aldeias Seguras" e "Pessoas Seguras" não são de combate a incêndios, nem de proteção individual, mas de sensibilização de boas práticas.
Em comunicado, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) lembra que se trata da "primeira grande campanha nacional orientada para a autoproteção da população relativamente ao risco de incêndio rural, bem como à sensibilização para as boas práticas a adotar neste âmbito."