O trabalho dos investigadores do Centro Champalimaud, em Lisboa, foi publicado na revista da especialidade Nature Neuroscience.
A Lei de Weber (Lei de Weber-Fechner) foi originalmente postulada em 1834 pelo médico alemão Ernst Heinrich Weber para descrever estudos sobre levantamento de pesos. Posteriormente, foi aplicada à medição das sensações por Gustav Theodor Fechner, aluno de Weber.
Esta lei, que é considerada a mais antiga da ciência psicofísica, que estuda as relações dos estímulos físicos com as correspondentes sensações, estabelece que a variação da perceção de um estímulo físico é proporcional ao estímulo inicial desde que as suas intensidades sejam constantes.
A Fundação Champalimaud, à qual pertence o Centro Champalimaud, dá, num comunicado, um exemplo para ilustrar esta premissa: se uma pessoa acerta 75% das vezes quando compara um peso de um quilograma e um peso de 1,1 quilogramas, também acertará 75% das vezes ao comparar um peso de dois quilogramas e um de 2,2 quilogramas.
Numa experiência feita com ratos, e validada em humanos, a equipa de cientistas do Centro Champalimaud, liderada pelo espanhol Alfonso Renart, "descobriu que a Lei de Weber pode ser descrita como a consequência de uma nova lei da psicofísica, que envolve o tempo que demora a escolha e não apenas o desenlace da decisão", refere o comunicado.
A nova lei, a que os cientistas chamaram "Equivalência Tempo-Intensidade na Discriminação", liga a intensidade global de um par de sons ou cheiros ao tempo que demora a destrinçá-los. Por exemplo, quanto mais intensos os sons, mais curto o tempo de reação.
Segundo o mesmo comunicado, os investigadores conseguiram mostrar que "a natureza desta ligação era única e matematicamente precisa", tendo obtido um modelo matemático que "descreve o processo cognitivo subjacente à Lei de Weber".
Um dos próximos passos da equipa é perceber como é que o modelo matemático identificado é processado pelo cérebro.
"Queremos determinar sistematicamente quais são as áreas cerebrais relevantes para a nossa tarefa sensorial e como os neurónios [células] desses circuitos realizam os diversos elementos computacionais do modelo", afirma Alfonso Renart, citado pela Fundação Champalimaud.