Para Ana Gomes esta é uma situação “preocupante” desde logo porque a informação referente à acusação deduzida pelo Ministério Público (MP) apenas foi divulgada em comunicado às 17h00, mas o “porta-voz oficioso da PGR, MP e PJ – que parece ser o Correio da Manhã – desde a manhã que tinha conhecimento da acusação”.
“Os próprios advogados de Rui Pinto não foram, até esta hora [cerca das 21h], notificados da acusação”, crítica Ana Gomes.
Quanto ao processo em si, a ex-eurodeputada do Partido Socialista também não poupa críticas à forma de atuar das autoridades nacionais.
“Acho muito preocupante que a PGR, o MP e a PJ revelem um trabalho intenso na investigação dos crimes que Rui Pinto possa ter cometido. Mas, no entanto, o comunicado da PGR não tem uma única linha sobre os gravíssimos e terríveis crimes que foram expostos por ele no site Football Leaks e que dizem respeito à criminalidade à solta no mundo do futebol”, aponta a socialista.
Sobre estes crimes denunciados pelo hacker, Ana Gomes refere que se trata de “evasão fiscal, branqueamento de capitais e conflito de interesses”, entre outros.
A ex-eurodeputada lamenta, assim, que “em relação aos crimes que se imputam a Rui Pinto haja um encarniçamento feroz por parte do MP” que, desta forma, “desconsidera” o facto de o hacker ser um whistle-blower, um “denunciante reconhecido pelo Eurojust e pela justiça de outros países com quem estava a colaborar” até ao momento em que foi detido e extraditado para Portugal.
“A justiça portuguesa não foi investigar esses crimes. Só vemos para o lado da criminalidade que se imputa a Rui Pinto?”, questiona em jeito de conclusão.