"E os crimes expostos por Rui Pinto que são muito mais graves?"

A ex-eurodeputada do Partido Socialista voltou a criticar a posição da justiça portuguesa no que ao processo que envolve Rui Pinto diz respeito.

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Patrícia Martins Carvalho
19/09/2019 23:17 ‧ 19/09/2019 por Patrícia Martins Carvalho

País

Ana Gomes

A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou, esta quinta-feira, que Rui Pinto está acusado de um total de 147 crimes.

Para Ana Gomes esta é uma situação “preocupante” desde logo porque a informação referente à acusação deduzida pelo Ministério Público (MP) apenas foi divulgada em comunicado às 17h00, mas o “porta-voz oficioso da PGR, MP e PJ – que parece ser o Correio da Manhã – desde a manhã que tinha conhecimento da acusação”.

“Os próprios advogados de Rui Pinto não foram, até esta hora [cerca das 21h], notificados da acusação”, crítica Ana Gomes.

Quanto ao processo em si, a ex-eurodeputada do Partido Socialista também não poupa críticas à forma de atuar das autoridades nacionais.

“Acho muito preocupante que a PGR, o MP e a PJ revelem um trabalho intenso na investigação dos crimes que Rui Pinto possa ter cometido. Mas, no entanto, o comunicado da PGR não tem uma única linha sobre os gravíssimos e terríveis crimes que foram expostos por ele no site Football Leaks e que dizem respeito à criminalidade à solta no mundo do futebol”, aponta a socialista.

Sobre estes crimes denunciados pelo hacker, Ana Gomes refere que se trata de “evasão fiscal, branqueamento de capitais e conflito de interesses”, entre outros.

A ex-eurodeputada lamenta, assim, que “em relação aos crimes que se imputam a Rui Pinto haja um encarniçamento feroz por parte do MP” que, desta forma, “desconsidera” o facto de o hacker ser um whistle-blower, um “denunciante reconhecido pelo Eurojust e pela justiça de outros países com quem estava a colaborar” até ao momento em que foi detido e extraditado para Portugal.

“A justiça portuguesa não foi investigar esses crimes. Só vemos para o lado da criminalidade que se imputa a Rui Pinto?”, questiona em jeito de conclusão.

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