"Do ponto de vista da navegação há duas zonas diferentes, mas bastante desafiantes: uma é toda a passagem do Estreito de Malaca, toda a zona da Indonésia e Filipinas, até à chegada ao Japão. Depois há a passagem do Estreito de Magalhães, Cabo Horn, na parte mais a sul da viagem, que por ser uma zona pouco amigável em termos meteorológicos vai ser um desafio, quer para o navio, quer para a guarnição", disse à Lusa o comandante do NRP "Sagres", António Maurício Camilo.
O navio-escola parte de Lisboa no dia 05 de janeiro do próximo ano sendo a rota "uma mistura" entre a viagem de Fernão Magalhães combinando a presença em Tóquio durante os Jogos Olímpicos, no mês de julho.
"Sobrepondo a viagem com a nossa viagem efetiva diria que 70% da viagem de Magalhães será repetida embora uma parte dela no sentido oposto devido aos condicionalismos da presença no Japão", refere o comandante destacando a rota entre o Atlântico e o Pacífico como um dos momentos significativos da viagem.
"Um dos eventos principais, no dia 20 de outubro, em Punta Arenas (Chile) vai coincidir com uma reunião com o navio-escola espanhol Juan Sebastian Elcano e de outros navios-escola da América Latina e depois até Callao (Peru) -- refazendo a entrada de Magalhães no Pacífico", afirma sublinhando a importância que atribui ao momento.
"Os navios vão navegar em companhia. Tem um significa histórico e político e vai permitir trocar algumas pessoas da guarnição com outros navios e julgo que vai ter um impacto interessante", diz Maurício Camilo que nunca navegou o Estreito de Magalhães.
"Eu nuca passei no Estreito de Magalhães e a única referência que tenho de uma situação mais parecida são os fiordes. Trata-se de um conjunto de fiordes na passagem do Atlântico para o Pacífico. Em termos de navegação o mais parecido são os fiordes da Noruega. Uma navegação cautelosa como em todas em zonas mais apertadas. Vai ser um grande desafio porque o navio só navegou no Estreito de Magalhães uma vez, em 2010", explica.
O navio-escola Sagres vai embarcar 144 tripulantes que vão cumprir a rota completa durante 371 dias e vai embarcar durante cerca de três meses dois grupos de cadetes.
O primeiro grupo de cadetes - que terminam em 2020 o segundo ano da Escola Naval - vai cumprir a rota entre de Díli (Timor-Leste) e o Japão.
Entre Tóquio e Honolulu, no Pacífico, vão embarcar os cadetes do primeiro ano.
Os cadetes vão pôr em prática os conceitos teóricos que aprenderam durante o ano letivo na Escola Naval e depois embarcam para ganharem experiência.
Paralelamente aos aspetos relacionados com a navegação o navio-escola vai empreender uma série de projetos científicos relacionados com a presença de microplásticos e a medição de parâmetros atmosféricos na água e na atmosfera.