Em declarações à agência Lusa, Joanaz de Melo, dirigente do Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e membro do Conselho Nacional de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, afirmou que "há políticas que têm de ser aperfeiçoadas, mas outras que têm de ser mudadas radicalmente".
No seu entender, o setor da conservação da natureza e biodiversidade -- "hoje não tanto na moda" face às alterações climáticas - é um dos que precisam de decisões capazes de reverter "desastres" como a eliminação dos planos de ordenamento de áreas protegidas ou a intenção de "municipalizar a conservação da natureza", que seriam "um recuo de quarenta anos".
O ministro João Matos Fernandes é "da confiança do primeiro-ministro e uma pessoa com quem se consegue falar", mas Joanaz de Melo espera para ver se "a qualidade das políticas" melhora na próxima legislatura" e se, no setor da conservação, "se vira seriamente a política".
"O que se destrói de biodiversidade é irreversível", salientou.
Em outras áreas, como a energia e o clima, há "intenções muito positivas no discurso oficial, mas está quase tudo por fazer em termos práticos", afirmou Joanaz de Melo.
"Vamos ver o que vai para a frente no Plano Nacional de Energia e Clima", declarou.
O docente universitário de Engenharia do Ambiente apontou outras áreas que considera problemáticas, como a eficiência energética - "estamos na estaca zero" - ou a fiscalidade sobre ambiente - "praticamente nada foi feito".
Além disso, o Governo toma "decisões contraditórias", como a opção por um novo aeroporto no Montijo, "contrário às preocupações claras sobre o clima".
O "trabalho interessante" manifestou-se na legislatura passada com os passes intermodais de transportes nas áreas metropolitanas, mas "falta ir muito além disso", melhorando "a qualidade do serviço" e criando "uma política nacional de transportes, que não existe".
O XXII Governo Constitucional, que deverá ser empossado pelo Presidente da República na próxima semana, conta com 14 ministros que se vão manter à frente das mesmas pastas, entre os quais Francisca Van Dunem, existindo cinco novos ministros.
O segundo executivo liderado por António Costa vai integrar 19 ministros, além do primeiro-ministro, o que o torna no maior em ministérios dos 21 Governos Constitucionais, e também o que tem mais mulheres ministras, num total de oito.