A arguida está acusada pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Leiria dos crimes de homicídio na forma tentada e detenção de arma proibida, por alegadamente ter tentado matar o seu companheiro com quem residia, no dia 02 de janeiro.
Segundo o despacho de acusação a que a agência Lusa teve acesso, a suspeita vivia com a vítima há pelo menos dez anos, em Mendiga, concelho de Porto de Mós, no distrito de Leiria, e da relação nasceu um filho, atualmente com oito anos.
Em dezembro de 2018, a mulher quis terminar a relação e ter-se-á munido de uma arma.
No dia 02 de janeiro, pela manhã, o casal encontrava-se em casa e a dada altura o homem informou que iria ao centro de saúde de Mendiga e a seguir ao banco. A mulher disse que o acompanhava e sugeriu que este fosse abrindo o portão, enquanto ela iria buscar o carro.
"Quando o homem se dirigia ao portão, a arguida aproximou-se pelas costas do homem e a cerca de seis metros do mesmo disparou, acertando-lhe na zona escapular esquerda [omoplata]", refere o despacho de acusação.
"Ato contínuo", a arguida aproximou-se e quando estava a cerca de três metros do mesmo efetuou novo disparo, acertando-lhe na zona mamária esquerda.
Como o homem se tentou proteger com as mãos e braços, um novo disparo da arma feriu-o no antebraço esquerdo.
A vítima tentou esconder-se e entretanto a pistola encravou, o que permitiu que o homem tentasse desarmá-la, envolvendo-se os dois fisicamente.
O homem conseguiu tirar-lhe a arma e acabou por sentar-se no sofá da sala. "Entretanto, a arguida recolheu no quintal uma pedra" e "bateu-lhe na cabeça".
Após outros confrontos físicos, a vítima conseguiu chegar à rua e pedir ajuda. "Neste momento, surgiram dois vizinhos a quem o assistente pediu socorro, dizendo que a arguida o queria matar".
A arguida retorquiu, dizendo que não era verdade.
"A mulher abandonou o local e colocou-se em fuga" com o objetivo de abandonar o país. Viria a ser localizada pelas 21:00 por inspetores da Polícia Judiciária "na estação do Oriente em Lisboa quando se preparava para embarcar em comboio com destino a Madrid".
"Sabia a arguida que ao surpreender o assistente surgindo nas suas costas, por duas vezes, efetuando disparo com arma de fogo e atingindo-o na cabeça com uma pedra, atuava insidiosamente, cerceando a possibilidade de defesa do assistente", refere o Ministério Público.
Segundo o documento, a arguida agiu de "forma calculada, preparando a execução do crime com calma e reflexão, revelando insensibilidade, indiferença e persistência na execução, imperturbável ao facto do assistente ser o seu companheiro e ter com o mesmo um filho".
Tendo em vista investigar eventual prática de um crime de violência doméstica contra a acusada de tentativa de homicídio, foi extraída certidão do auto de inquirição.
A mulher encontra-se em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Tires.