Americanos não vão abandonar as Lajes para não criar "vazios de poder"

O especialista em relações internacionais da Universidade dos Açores (UAc) Luís Andrade defendeu hoje que, apesar da redução do contingente, os Estados Unidos não vão abandonar a base das Lajes, para não permitir "vazios de poder".

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Lusa
23/10/2019 20:15 ‧ 23/10/2019 por Lusa

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"A geografia não muda. Independentemente dos avanços tecnológicos que têm existido e de os americanos reduziram substancialmente a sua presença na base das Lajes, há um aspeto importante: eles não vão sair de lá, na minha perspetiva. Porque o pior que existe em geopolítica é criarem-se vazios de poder e quando isso acontece, alguém, mais tarde ou mais cedo, ocupá-los-á", assinala à Lusa Luís Andrade, professor catedrático de Ciência Política, à margem do seminário comemorativo do 70.º aniversário da NATO, que decorreu esta quarta-feira na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada.

Luís Andrade foi o representante dos Açores na comissão bilateral para o acompanhamento do acordo das Lajes.

Questionado pela Lusa sobre se a postura nacionalista de Donald Trump pode resultar no abandono da base das Lajes, na ilha Terceira, o professor da UAc reiterou a sua posição, justificando com a "imprevisibilidade das relações internacionais" e pelos "objetivos claros do pentágono", independentemente da posição de administração americana.

"Perante a imprevisibilidade das relações internacionais, antes prevenir do que remediar - penso que o pensamento geopolítico passa por aí", afirmou, apontando que, "independentemente disso (das políticas de Trump), o Pentágono tem traçado objetivos claros e parece que eles (Estados Unidos) não vão sair, é essa a minha interpretação".

Luís Andrade destacou ainda que os "Açores foram determinantes" na adesão de Portugal à NATO e que é sempre "benéfico" para as grandes potências terem um "ponto estratégico no meio do Atlântico".

"Os Açores foram determinantes para adesão de Portugal à NATO. Segundo ponto, é sempre bom, a potência marítima dominante, a Grã-Bretanha século XIX e agora os Estados Unidos, terem esse ponto estratégico a meio do atlântico. É sempre benéfico em caso de conflito regional no médio oriente, independentemente, ressalvo, das alterações tecnológicas", concluiu.

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