De acordo com o "Health at a Glance", da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no período 2016-2017 em Portugal 5,9% dos doentes em cuidados continuados registaram pelo menos uma infeção associada aos cuidados de saúde, um valor acima da média da organização (3,8).
Abaixo da média da OCDE aparecem países como a Lituânia, Hungria, Suécia, Alemanha e Luxemburgo (com menos de 2%), enquanto as percentagens mais elevadas se registam na Dinamarca, Portugal, Grécia e Espanha (acima de 5%).
O impacto das infeções associadas aos cuidados de saúde é agravado pelo aumento de bactérias resistentes a antibióticos, o que pode levar a infeções difíceis ou mesmo impossíveis de tratar, alerta a OCDE.
Segundo o relatório, o isolamento de bactérias resistentes a antibióticos em doentes de cuidados continuados em Portugal também apresenta as percentagens mais elevadas dos países analisados, com 46,2%, quase o dobro da média da OCDE (26,3%).
Globalmente, "em média, mais de um quarto das bactérias isolados eram resistentes a antibióticos. Isso é quase equivalente aos níveis observados em hospitais de cuidados intensivos, onde a resistência a antibióticos é considerada uma grande ameaça", refere o documento.
A OCDE avisa que, à medida que a população dos países envelhece, um número crescente de pessoas vai precisar do apoio de serviços de cuidados continuados e defende que "providenciar atendimento seguro a esses pacientes é um desafio fundamental para os sistemas de saúde".
"Os pacientes em unidades de cuidados continuados são mais frágeis e mais doentes e apresentam vários outros fatores de risco para o desenvolvimento de ocorrências que põem em causa a sua segurança, incluindo infeções associadas aos cuidados de saúde e úlceras de pressão", refere o documento.
Os dados mostram ainda que, quanto ao aparecimento de úlceras de pressão (por exemplo, escaras) nestes doentes, Portugal também está numa má posição, com 13,1%, um valor que representa mais do dobro da média da OCDE (5,3%).
As úlceras por pressão podem levar a complicações, incluindo infeções, e custam até 170 euros/dia por doente em cuidados continuados, segundo a organização.
Na OCDE, uma média de 10,8% das pessoas com 65 anos ou mais precisou de cuidados continuados em 2017, que representam um aumento de 5% em relação a 2007.
Mais de uma em cada cinco pessoas com 65 anos ou mais recebeu cuidados de saúde continuados na Suíça (22%) e em Israel (20%), em comparação com menos de 5% na Eslováquia (4%), Canadá (4%), Irlanda (3%), Portugal (2%) e Polónia (1%).
A OCDE lembra ainda que muitas pessoas que precisam de cuidados continuados preferem tê-los nas suas casas o maior tempo possível e que, como resposta a estas opções e aos altos custos das unidades de cuidados continuados, diversos países desenvolveram serviços domiciliários deste género.
Entre 2007 e 2017, a proporção de pessoas em cuidados continuados domiciliários cresceu de 64% para 68%, com os aumentos a serem maiores em Portugal, Austrália, Suécia, Alemanha e Estados Unidos.