Petição quer acabar com Capital do Natal. "Uma fraude", dizem visitantes

Visitantes queixam-se de falta de neve, animais sem condições, “filas de dois quilómetros” e “publicidade enganosa”. A promotora do evento responsabiliza a vizinha Espanha, nomeadamente "blogues e agências de viagem" por terem criado "falsas expetativas" e promete responder "individualmente" a todas as queixas.

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© Facebook / Capital do Natal

Noticias ao Minuto
02/12/2019 20:37 ‧ 02/12/2019 por Noticias ao Minuto

País

Capital do Natal

Três dias depois da Capital do Natal ter aberto portas ao público, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, as redes sociais inundaram-se de críticas e as associações de consumidores receberam dezenas de reclamações. Há até uma petição para que o parque de diversões seja fechado, que já foi assinada por mais de duas mil pessoas.

Na página de Facebook da Capital do Natal é possível ler algumas dezenas de comentários, feitos por visitantes, que se dizem enganados e vítimas de “publicidade enganosa” a este parque que prometia ser, segundo os seus promotores, “uma recriação total da Lapónia”, o primeiro Christmas Fun Park da Europa e o maior evento do país dedicado ao Natal.

“Sinto-me roubada… uma desilusão total. Posso falar porque conheço vários sítios do género e sem dúvida este foi o mais caro e pior de todos. Nem de graça iria de novo”, diz uma internauta portuguesa.

Já outra visitante, desta vez espanhola, acusa a organização de “fraude”. “É uma fraude. Publicidade enganosa, sem neve, longas filas, casas de banho mal preparadas, comida má e apenas três atrações. É uma farsa. Tem de ser denunciado”, escreve.

De acordo com o jornal Público, só a Unión de Consumidores de Extremadura (UCE), uma associação de defesa dos consumidores espanhola, recebeu, na manhã desta segunda-feira, mais de 100 reclamações a exigir o reembolso dos bilhetes. Mais. A UCI já investigou o caso e entende que “há publicidade enganosa, porque na publicidade que a empresa fez do evento constam serviços e instalações que o parque não tem”, por isso já fez uma reclamação por escrito à empresa responsável pelo evento.

"Acabou por criar falsas expetativas a alguns visitantes e afetou negativamente a sua experiência no parque, o que deu origem a um conjunto de queixas e comentários negativos nas redes sociais"Contactada pelo Notícias ao Minuto, a Christmas Fun Park, entidade responsável pela organização do evento, esclarece que na "sequência" deste comentários críticos partilhados nas redes sociais tomaram "conhecimento que algumas entidades em Espanha, como blogues e agências de viagem, veicularam informação incorreta sobre o evento, como (...) exemplo a existência de pistas de ski com neve (...). Esta situação, completamente alheia à nossa organização, já está a ser analisada pelos nossos representantes jurídicos para a necessária avaliação de responsabilidades".

Isso, considera a promotora, "acabou por criar falsas expetativas a alguns visitantes e afetou negativamente a sua experiência no parque, o que deu origem a um conjunto de queixas e comentários negativos nas redes sociais".

Acontece que a revolta dos visitantes não fica por aqui. Foi criada uma petição online, chamada ‘Capital do Natal Estafa’ que exige o encerramento do evento. Na descrição, os criadores garantem que lhes prometeram neve, Pai Natal e renas, mas que desde o primeiro momento que a Capital do Natal “foi um engano e uma fraude”. Por volta das 19h30 desta segunda-feira, 2.132 pessoas já tinham subscrito a petição.

Além das acusações de “publicidade enganosa”, muitos são os que criticam o preço dos bilhetes (de 25 a 30 euros), as “filas de dois quilómetros”, a lama no recinto, os preços e qualidade da comida.

A promotora assume que no primeiro dia do evento, e apesar das "condições atmosféricas muito adversas", houve "uma grande afluência de pessoas" e "identificámos um conjunto de situações, relacionadas com a entrada das pessoas nos equipamentos, com a organização das filas de espera e do staff, que foram corrigidas no dia seguinte". Além disso, acrescenta a Christmas Fun Park, foi o primeiro dia, "acreditamos que, até ao último dia, continuaremos a melhorar", e "num parque temático que acolhe diariamente milhares de visitantes por dia, consideramos normal a existência de tempos de espera".

Quanto ao preço dos bilhetes (30 euros adulto; 25 euros - crianças até aos 12 anos e séniores), a promotora considera que se trata de "um passaporte que inclui a entrada em todas as atrações e conteúdos, sem qualquer limite de utilizações, durante mais de 11 horas diárias em média, ao contrário de outros eventos". Mais, a Capital do Natal tem "conteúdos produzidos, únicos e nunca antes realizados em Portugal", destaca a Christmas Fun Park, referindo-se, por exemplo, "ao espetáculo de luzes do lago central, o Palácio dos Guardiões da Neve (com a recreação do círculo polar ártico), a Montanha do Vento Corajoso (com 12 pistas de snowtubbing)".

E as más condições dadas pelos promotores aos animais presentes no espaço? Numa fotografia, amplamente partilhada nas redes sociais, vê-se uma rena deitada num tapete a imitar relva.

“Havia necessidade de colocar o pobre do animal exposto dessa maneira? Que infeliz por parte da organização, uma vergonha”, lê-se num dos muitos comentários sobre a rena em questão partilhados na caixa de comentários da página de Facebook da Capital do Natal.

Acusações que "refutamos", escreve a promotora, esclarecendo que "as renas – tal como todo o Parque - estão devidamente licenciadas pelas autoridades competentes", neste caso os 'Burros do Magoito'.

Também confrontada com estas críticas a Câmara Municipal de Oeiras disse ao Notícias ao Minuto que tomou conhecimento de "reclamações de visitantes da Capital do Natal, evento privado e apoiado por diversas entidades" e que, por essa razão, "já está a proceder à averiguação dos factos".

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