"Contribuímos para a convergência porque cultivamos internamente o diálogo, moderação, equilibro, e isso são componentes de que a NATO precisa muito e beneficia. Países da dimensão de Portugal são necessários para a Aliança por causa desta atitude de equilíbrio e aproximação", afirmou aos jornalistas.
O chefe da diplomacia portuguesa respondia a perguntas sobre as críticas hoje do presidente dos EUA, Donald Trump, ao homólogo francês, Emmanuel Macron.
Numa entrevista à revista britânica The Economist no início de novembro, o presidente francês, Emmanuel Macron, considerou que "a NATO está em morte cerebral" e sugeriu o desenvolvimento de uma defesa europeia autónoma, mas hoje Trump considerou que as declarações de Macron foram "muito desagradáveis" e "muito insultuosas".
Apesar desta troca de palavras, o ministro dos Negócios Estrangeiros português acredita que na cimeira vai prevalecer um clima de unidade.
"Podemos ter diferenças de tom, podemos ter diferenças de estratégias comunicacionais, mas convergimos no essencial, e para que essa convergência seja possível, é muito importante a posição de países como Portugal", afirmou aos jornalistas.
O projeto de declaração política, adiantou, vai abordar temas como o empenho de todos na Aliança, a cooperação com a União Europeia e Nações Unidas, a luta comum contra o terrorismo internacional e a estratégia de duplo registo com a Rússia, combinando a dissuasão militar necessária e com um diálogo político.
"Temos um inimigo de todos que é o terrorismo internacional, temos desde 2014 a nova ameaça protagonizada por uma conduta agressiva da Rússia, designadamente com a anexação ilegal da Crimeia, e temos a necessidade de compreender melhor o que está a acontecer no mundo e as questões que se colocam à Aliança", vincou.
Augusto Santos Silva acompanha o primeiro-ministro, António Costa, que vai reunir-se com líderes de 29 outros países que participam a partir de hoje numa cimeira da NATO em Londres, coincidindo com o 70.º aniversário da aliança militar que protege cerca de mil milhões de pessoas.
Além de um balanço do papel da NATO na luta contra o terrorismo, nomeadamente avaliando missões no Iraque e no Afeganistão e o papel na prevenção do ressurgimento do Estado Islâmico e de outros grupos terroristas, vão debater a resposta da NATO à violação do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF) por parte da Rússia, as implicações da ascensão da China e as ameaças à cibersegurança.