"Paz sim, NATO não" foi a palavra de ordem que ecoou na baixa de Lisboa durante a concentração, que decorreu no início da rua do Carmo, zona central da capital já repleta de enfeites natalícios.
Cerca de 100 pessoas juntaram-se para denunciar a cimeira que celebra os 70 anos da organização político-militar ocidental, com uma faixa "Sim à Paz! Não à NATO!", e bandeiras do CPPC e do Movimento Democrático das Mulheres (MDM), que se incluíam entre "as mais de duas dezenas de organizações" envolvidas neste ato público.
"O nosso principal objetivo é que as entidades portuguesas ratifiquem o Tratado de proibição das armas nucleares, e reafirmar a posição do CPPC pela dissolução da NATO", disse à Lusa Beatriz Goulart, vice-presidente da CPPC e a única interveniente na iniciativa após um momento musical de Jorge Baptista Carrano, do Coletivo Andorinha-Frente Democrática Brasileira de Lisboa, e uma pequena introdução de Fernando Ambrioso, da direção da Associação de Amizade Portugal-Cuba (AAPC).
"No nosso entender a NATO não representa um organismo de proteção da União Europeia e nem possui um caráter defensivo, mas antes uma entidade com objetivos belicistas", prosseguiu a ativista.
"E a Constituição da República portuguesa proíbe Portugal de fazer parte de blocos político-militares, que no nosso entender é isso que é a NATO", insistindo: "Portugal deve estar do lado da paz e do desarmamento".
O comunicado distribuído considera a organização militar aliada "a mais séria ameaça à paz e segurança do mundo", um "instrumento ao serviço da política externa dos EUA e do seu complexo militar-industrial" e que "protagonizou e apoiou golpes de Estado, guerras de agressão e ocupações militares".
Estes alertas foram sublinhados na intervenção de Beatriz Costa, que discursou numa camioneta da campanha da CGTP. Nas declarações à Lusa aludiu ainda a uma tentativa de "reorganização" da Aliança, destinada a manter uma estrutura na qual a União Europeia se afirmará como "um dos pilares fundamentais, a par do Estados Unidos, sendo esse um dos objetivos da cimeira de Londres".
Com uma bandeira do Conselho onde sobressaia uma pomba branca e a palavra Paz a azul, Filipe Gonçalves, 19 anos, disse ter comparecido nesta concentração para protestar contra a cimeira da NATO.
"Estou aqui para me manifestar contra a cimeira da NATO em Londres. Estão a tentar uma desculpa para criar o militarismo europeu, os fundos que estão a ser disponibilizados para a NATO vão servir para a promoção da guerra e de um exército europeu, quando podiam ser aplicados noutras coisas", salientou.
Ao seu lado, José Guerreiro, 77 anos, "ex-taxista em Lisboa durante 47 anos", distribui panfletos que apelam a uma concentração na sexta-feira em Lisboa contra a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.
Quase em simultâneo, os participantes seguem a palavra de ordem lançada pelos altifalantes: "Não queremos Mike Pompeo aqui. Paz sim, NATO não".
José Guerreiro diz que compareceu por ser "contra a guerra e a favor da paz", e manifesta-se preocupado pelo "estado do mundo", como diz.
"Tenho muita pena, mas isto é preocupante. Hoje vi um pouco de televisão, o Trump a ser entrevistado, e cada palavra dele era só ódio, veneno. Contra o Brasil... então o Bolsonaro é amigo dele e agora está contra o Brasil... contra a Argentina, contra todo o mundo, contra Cuba, contra a Venezuela", desabafou.
"A Venezuela não fez mal a ninguém, não pôs bombas em lado nenhum, não fez guerra a país nenhum. O único crime da Venezuela é ter petróleo e outras riquezas, que é o que os americanos querem. Disso não há dúvidas, toda a gente vê... e o Pompeo é outro vigarista", diz enquanto distribui a mensagem em papel.
Na quarta-feira o CPPC "e as mais de duas dezenas de entidades e organizações" organizam um novo "ato público" na cidade do Porto e que coincide com o último dia da cimeira da aliança político-militar.